Testemunha liga prefeito de Traipu à morte de secretário

Por 16/11/2011 - 00:00

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O prefeito foragido de Traipu, Marcos Santos, seria o mandante do assassinato do secretário de Turismo do município, José Valter Matos Palmeira, executado a tiros de pistola 320, dia 15 de maio último. A revelação consta de novo depoimento prestado esta semana ao Ministério Público Estadual por uma testemunha que está sob proteção policial, à disposição da justiça.

Na condição de secretário de Turismo, José Valter era responsável pelo esquema de contratação de bandas de música a preço superfaturado, que rendeu milhões de reais para a quadrilha do prefeito. Dois dias antes de ser assassinado, “Valtão”, como era conhecido na cidade, foi espancado a mando do prefeito Marcos Santos, segundo contou a testemunha ao MP.

José Valter foi morto dois dias depois de uma testemunha ter revelado à Polícia Federal um saque irregular de R$ 127 mil dos cofres do município. O dinheiro foi sacado no banco Bradesco de Arapiraca e deveria ser destinado ao pagamento de uma das bandas contratadas para fazer show na cidade. “Valtão” presenciou o saque e a distribuição do dinheiro no próprio banco. “A maior parte foi entregue ao filho do prefeito”, disse a testemunha, que era aliada de Marcos Santos.

Na avaliação dessa testemunha, o secretário de Turismo teria sido assassinado por reclamar uma parte maior nos recursos desviados pelo prefeito na contratação de shows superfaturados. Segundo a testemunha, “Valtão” teria ameaçado denunciar o prefeito e por isso foi espancado e dois dias depois foi assassinado a mando de Marcos Santos.

De posse dessas novas informações, o Ministério Público vai investigar também se outros 27 homicídios ocorridos na cidade têm relação com uma suposta rede de desvios do prefeito Marcos Santos (PTB), que está foragido junto com a primeira-dama e dois assessores. A Polícia Federal avalia que pelo menos R$ 4 milhões teriam sido desviados a partir de compras que nunca chegaram ao destino.

Outra revelação feita pela testemunha acusa o prefeito de extorquir fornecedores de produtos e serviços contratados pela prefeitura. “Ele só pagava 5% das dívidas e exigia a quitação integral dos débitos. Quem se recusasse era ameaçado de morte”, disse a testemunha. Por isso o MP acredita que os 28 assassinatos ocorridos na cidade têm a ver com a atuação da suposta quadrilha liderada pelo prefeito Marcos Santos.

PISTOLEIRO - Segundo a polícia, o secretário de Turismo foi executado pelo pistoleiro Erivan Alves dos Santos, 40, que também está foragido da Justiça. Erivan foi flagrado por câmeras instaladas nas ruas da cidade quando se dirigia à casa da vítima. A esposa do acusado disse que o reconheceu pelas imagens. O vídeo mostra o secretário estacionando o carro em sua residência.

O prefeito, a primeira-dama e três correligionários são procurados pela PF. Casada com um dos filhos de Santos, a vice-prefeita, que assumiu a prefeitura, nega conhecimento em relação às denúncias. Dia 20 de setembro, a PF cumpriu três de oito mandados de prisão contra integrantes da prefeitura. Segundo a Controladoria Geral da União (CGU) foram desviados R$ 8,2 milhões de recursos do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb) e do Programa de Transporte Escolar no período de 2007 a 2010.

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