Marcos Santos, administração marcada pela corrupção

Por 28/09/2011 - 00:00

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A Operação Tabanga foi mais uma que envolve o prefeito de Traipu Marcos Santos (PTB). Mais uma que demonstra a ousadia dos políticos alagoanos em assaltar os cofres públicos. Dessa vez o alvo da Polícia Federal (PF) foi o prefeito de segundo mandato de Traipu e membros da prefeitura acusados de desviar recursos federais do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb) e do Programa Nacional de Transporte Escolar (PNTE). Segundo as investigações policiais, o montante desviado chega a R$ 8 milhões.

Vale ressaltar que a operação Tabanga é o desdobramento da Operação Mascoth, ocorrida no início do mês de abril desse ano. A Mascoth prendeu 15 acusados envolvidos no esquema que desviou mais R$ 8 milhões em recursos públicos destinados à compra de merenda escolar de inúmeros municípios do Estado.

Enquanto autoridades faziam festas regadas a uísque importado e vinhos caros, tudo com dinheiro público, como foi relatado na primeira operação, a população vive com um dos piores IDHs do país. A descrição do relatório da PF diz que os cães dos quadrilheiros se alimentavam com ração de alto padrão e certificada entre as rações mais caras do mercado.

Na operação Tabanga mais de 50 mandatos de prisão foram cumpridos por mais de 100 policias que participaram da operação articulada pela 8ª Vara da Justiça Federal, Controladoria Geral da União (CGU), Ministério Público Estadual e Grupo de Combate às organizações criminosas (Gecoc). Até o fechamento da edição foram presas quatro pessoas, não tão importantes para o esquema criminoso, e Olindino Matos Júnior, secretário Municipal de Finanças, que se entregou na sede da PF, no bairro da Jaraguá, em Maceió.

Com o vazamento da Operação Tabanga, o prefeito Marcos Santos e sua esposa Juliana Kummer conseguiram fugir das autoridades policias. No decorrer da investigação uma série de outros indícios apontam para esquemas que incluíam irregularidades no âmbito criminal. Por isso, segundo o procurador da República José Godoy, a própria PF/AL encaminhou representação ao MPF/AL para que a Procuradoria Regional da República em Pernambuco (MPF na segunda instância) atuasse no caso, emitindo parecer favorável à prisão do prefeito Marcos Santos, da primeira-dama e secretária de Assistência Social, Juliana Kummer, e de seis outras pessoas entre secretários e servidores.

PF de olho
O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) de Alagoas está entre os piores do Brasil; estudantes muitas vezes fazem apenas uma refeição no dia, essa feita no colégio. É o caso de Traipu que tem o pior IDH do Estado. Marcos Santos tem um histórico de corrupção e já foi alvo de outras operações da Polícia Federal.

Em 2007 Marcos Santos foi acusando na Operação Carranca de fraudar licitações de obras públicas; em 2008 foi à vez da Operação Sanguessuga através do Ministério Público propor uma ação de improbidade administrativa, mas o prefeito não foi incluído na ação penal por ter sido diplomando no cargo.

No ano de 2010 empresários foram investigados pela Operação Caétes, pela fraude de desvios de mais de R$ 8 milhões em licitações de merenda escolar e a prefeitura de Traipu também estava envolvido na máfia. O desdobramento da Operação Caétes foi a Operação Mascoth que prendeu a esposa do prefeito Marcos Santos, Juliana Kummer, acusada de desviar recursos destinados para a compra da merenda escolar.
Mais acusações

O município de Traipu viveu recentemente um drama administrativo. Além da atual Mesa Diretora da Câmara de vereadores eleita para o biênio 2011/2012 através de oito votos favoráveis, dos nove possíveis, em dezembro passado, a cidade estava sendo legislada por duas Casas parlamentares, uma de direito e outra a comando pelo prefeito Marcos Santos.

Em reportagem ao jornal Extra, em junho desse ano, a presidente da Câmara Maria da Conceição Teixeira Tavares (DEM), vereadora de segundo mandato, disse que todo problema foi gerado após uma Comissão Especial de Inquérito (CEI) ser criada para apurar os desmandos que vem acontecendo na prefeitura local, a comando do chefe do executivo. “O Fundeb (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação) do município é uma verdadeira caixa preta, temos várias denúncias contra o prefeito. Ele atentou esse golpe contra a Mesa Diretora para livrá-lo da investigações”, denunciou Maria da Conceição Teixeira, na época.

A vereadora confidenciou na mesma entrevista que dos nove vereadores da cidade, hoje cinco fazem parte da situação e quatro são de oposição. “Os vereadores Marcos André, Cássio Fernando de Carvalho, Betânia Germano, Aloísio Vieira Júnior e Wegnton Erlandres estão do lado de Marcos e formaram uma Câmara paralela, que funciona num prédio de propriedade da prefeitura”, disse. Atualmente, a Câmara é legislada pela Mesa Diretora legítima. A vice-prefeita, Juliana Machado, nora de Marcos Santos, assumiu o comando da cidade na tarde de quinta-feira (22).

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