Execução de vereador tem participação do crime organizado

Por 14/09/2011 - 00:00

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O município de Anadia tem historicamente uma disputa entre o deputado estadual Antônio Albuquerque e a prefeita Sânia Tereza. Desde a última eleição da prefeita petista essas divergências políticas vêm se agravado. O clímax dessa guerra política veio com a execução do vereador Luís Ferreira de Souza (PPS), ocorrido no último sábado após uma emboscada.

O clima de tensão e o medo de falar imperam entre moradores e lideranças partidárias de Anadia, pois o crime é de clara conotação político-eleitoral e deve levar a investigação dos dois principais grupos políticos locais. O vice-prefeito do município, José Agusto, revelou que tem a suspeita de quem mandou matar o primo Luís.

Temendo represálias e até a vida, o vice-prefeito contou que vai falar tudo na Justiça, em especial ao Grupo Esta-dual de Combate às Organizações Criminosas (Gecoc), que deve estar no caso auxi-liando a Polícia Civil em alguns pontos da investigação.

O vereador Luís Ferreira de Souza era conhecido por ser um sujeito pacato e não ter nenhuma inimizade. Uma de suas principais ca-racterísticas era circular por vários meios de oposição e da situação da região e ser bem quisto por ambos os lados. Pessoas ligadas ao município de Anadia disse-ram que Luís Ferreira era um homem de bem, e estava cotado para disputar a prefeitura da cidade e começaria a disputa com larga vantagem, em relação aos seus "adversários."
O sonho de Luís Ferreira comandar o executivo local acabou no final da tarde de sábado 3 de setembro, após entrevista em uma emissora de rádio de Maribondo. De volta para Anadia, uma moto se aproximou do seu veículo e foram dispatados mais de dez tiros contra o médico, que veio a falecer no local do crime.

O irmão do vereador, Aloísio Ferreira, foi contactado, mas falou que estava na Suíça, viajando a trabalho e disse que não estava totalmente "por dentro do caso" e preferiu não tecer nenhum comentário incriminatório. "Vou me reunir com a minha família para saber quais as providências cabíveis que vamos tomar. Estou bastante abalado e gostaria de ser respeitado nesse momento", desabafou o irmão.

A reportagem do jornal Extra entrou em contato com assessoria do deputado Antonio Albuquerque para intermediar uma entrevista, mas o parlamentar preferiu não falar sobre o assunto. A assessoria de AA disse que não tem nada para falar sobre o caso e ressaltou que não há disputa entre Albuquerque e Sânia, ou qualquer outro político da região. Para finalizar foi colocado que Albuquerque não é acusado de nada, logo não vai se pronunciar.

O CASO - O vereador, médico e professor universitário Luís Ferreira de Souza (PPS), 61 anos, foi executado com tiros de pistola 9 mm, quando retornava a Anadia, no sábado, 3, horas depois de anunciar em um programa de rádio, na cidade de Maribondo que era candidato a prefeito do município de Anadia.

Pelo que se sabe, o vereador tinha vasto serviço prestado à comunidade e não tinha inimizades. Mostrava, tão somente, seu desejo de disputar a prefeitura de Anadia, mas a quantidade de tiros - 13 - confirma que os pistoleiros tinham ordem para matar o médico, que trafegava sozinho, de Maribondo para Anadia, quando foi interceptado a pouco menos de 2 km de Anadia.
O sonho de Luís ficou no meio do caminho, mas as investigações também podem por fim a carreira de mais um político da pistolagem. Que o assassinato não some às fileiras dos crimes insolúveis, como o assassinato do prefeito de Roteiro, Val de Agenor (2006), e do vice-prefeito do Pilar, Beto Campanha (2007).

Luís Ferreira é o primeiro vereador assassinado em Alagoas este ano. Em 2010, Genivaldo Barbosa da Silva foi morto a tiros no meio da rua na cidade de Roteiro. Ele era acusado de matar o prefeito, Edvaldo Santos, em 2006. Por falta de provas, foi liberado da prisão.

Em 1º de outubro de 2007, o vereador Fernando Aldo, de Delmiro Gouveia, foi morto a tiros em Mata Grande, após deixar o camarote de uma festa. De acordo com a Polícia Civil, o mandante foi o deputado estadual Cícero Ferro (PMN) e a morte aconteceu, segundo as investigações, porque o vereador estava invadindo redutos políticos do parlamentar, no interior do Estado.

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