Veneza estuda projeto para remover cruzeiros do porto da cidade

O recente acidente envolvendo um navio da MSC Cruzeiros, no Porto de Veneza, colocou em pauta um projeto já existente desde 2017, que estuda banir os grandes cruzeiros marítimos da região central da cidade.

A colisão do transatlântico, que deixou quatro pessoas feridas, motivou novos protestos da população local que há muito tempo se mobiliza contra a presença destas embarcações. O acidente também fez aumentar a pressão sobre os governantes, pois há cerca de um ano e meio o então Ministro da Infraestrutura e Transportes, Graziano Delrio, fez um acordo com Prefeitura e a Região do Vêneto para alterar a rota dos navios.

Atualmente, os cruzeiros passam pela Bacia de San Marco, no centro histórico de Veneza, e o Canal de Giudecca, para atracar no terminal de passageiros que fica na parte insular da cidade, próximo da Estação Santa Lucia. Esta rota representa um grande risco para o delicado ecossistema do município. O projeto em curso prevê que navios com mais de 55 mil toneladas sigam para Marghera, parte oeste da região, onde se localiza um dos mais importantes portos comerciais da Itália.

"A Região do Vêneto e a Prefeitura de Veneza apresentaram uma proposta que explora uma viabilidade já existente e prevê a passagem pelo Canal dos Petroli para chegar a Marghera. O ponto é: quando houve essa decisão? Muito tempo atrás, em 6 de novembro de 2017. O ministro era Graziano Delrio, governo centro-esquerdista do Partido Democrático (PD), mas depois não aconteceu nada", declarou o governador do Vêneto, Luca Zaia.Zaia é integrante da “Liga”, partido que governa a Itália em aliança com o “M5S” (Movimento 5 Estrelas). Os dois partidos, no entanto, passam por crescentes tensões, principalmente após as eleições europeias de 26 de maio de 2019. "Quero explicar a todos que é o ministro da Infraestrutura e transportes quem deve tomar uma decisão. Danilo Toninelli está no governo há um ano e nunca convocou uma reunião", disse Zaia, em cobrança ao ministro Toninelli que é expoente do M5S.

Já o Ministro do Interior e vice-premier Matteo Salvini, da Liga, afirmou que o projeto para desviar os navios do centro de Veneza deve ser retomado “imediatamente”. "O turismo é uma parte fundamental da economia italiana e pode ser feito de maneira inteligente, reduzindo os riscos. Como existe um projeto que espera aprovação há tempos, acho que é hora de aprovar esse projeto", argumentou.

Toninelli explicou que está em busca de uma solução há meses e que precisa encontrar alternativas, tanto definitivas quanto provisórias, pois Veneza não pode perder a movimentação de mercado que os cruzeiros proporcionam. "O projeto será definido até o fim de junho", prometeu.

O MSC Opera, de 13 decks e capacidade para mais de de 2.500 passageiros, perdeu o controle quando estava atracado no canal de Giudecca, região do Porto de Veneza, em 2 de junho deste ano. O transatlântico colidiu com o cais atingindo um barco turístico, depois de sofrer uma falha no motor. Segundo as autoridades portuárias, quatro pessoas sofreram ferimentos leves no acidente. A MSC Cruzeiros foi fundada em Nápoles, na Itália, em 1960, e é hoje uma das maiores operadoras de cruzeiros do mundo.