Internacional

Filas gigantes se formam para velório de Mandela e polícia fecha acesso

Dezenas de milhares de pessoas tentavam se despedir de líder nesta sexta. Corpo de Mandela será enterrado no domingo em Qunu
Por France Presse 13/12/2013 - 10:11

ACESSIBILIDADE


Dezenas de milhares de sul-africanos se dirigiram nesta sexta-feira (13) a Pretória para homenagear Nelson Mandela e vê-lo antes que seu corpo seja levado a Qunu, onde será enterrado no domingo (15). O excesso de público levou a polícia a suspender o transporte de visitantes à sede do governo sul-africano.

No meio da manhã, 50 mil pessoas já haviam lotado as quatro zonas de espera, formando filas impressionantes de vários quilômetros. Às 10h30 (6h30 de Brasília), o governo pediu "à população que não venha mais".

"Não podemos garantir que cada pessoa presente nas filas de espera nos diferentes locais possa ter acesso ao Union Buildings", ressalta um comunicado.

A polícia de Pretória permitiu o acesso à residência oficial do governo de cerca de 10 mil pessoas entre as 8h e as 11h locais (4h às 7h de Brasília), informou hoje a porta-voz policial Caroline Naidoo, em entrevista à rede de TV pública "SABC".

O público do velório superou de longe o dos dois dias anteriores. Cerca de 21 mil pessoas homenagearam Mandela na quarta-feira, e 39 mil na quinta-feira, segundo as autoridades.

"Vê-lo pela última vez me faria muito feliz", comentava Tieho Montspai, que esperava com sua esposa desde a 1h (21h de Brasília) diante da sede da presidência, onde o corpo do líder da luta contra o apartheid foi colocado pelo terceiro dia consecutivo.

"Não nos dizem nada. Não estou certo de chegar", afirmou Jules Mbaya, morador de Johannesburgo. "Gostaria de ver o corpo daquele que lutou por nós, pela liberdade. É uma honra", acrescentou.

Na quinta-feira (12), as autoridades precisaram fechar as portas da presidência, embora milhares de pessoas seguissem esperando.

Alguns, como Stanley Luvhimbe, que dirigiu 450 quilômetros para ver seu herói, decidiram dormir ali mesmo. "É uma ocasião única. Não voltaremos a nos ver nunca mais", explicou.

Outros, como Ompelege Majafa, de 27 anos, dirigiram em plena noite. "É um momento que não esqueceremos nunca. Estamos aqui por Tata!", declarou.

A partir de quarta-feira (11), as homenagens a Mandela começaram a ser impregnadas por uma tristeza que contrastou com o tom alegre de celebração dos dias anteriores.

"Foi extraordinário estar aqui. Mas tenho o coração partido", declarou ao sair do Union Buildings Paulus Mefadi, um soldado de 44 anos que marchou perante Nelson Mandela quando o líder sul-africano prestou juramento como presidente, em 1994.

Enterro
Na manhã de domingo, o país vai parar nas cerimônias do enterro de Mandela em Qunu (sul), o povoado de sua infância, primeiro na presença de personalidades e depois na mais estrita intimidade.

Diversas redes de lojas já anunciaram que permanecerão fechadas.

A primeira parte da cerimônia será realizada diante de 5 mil pessoas, entre elas presidentes estrangeiros, e será transmitida pela televisão.

Posteriormente, será realizado o enterro, que estará "reservado rigidamente à família", explicou Phumla Williams, uma porta-voz do governo.

"A família deseja que o enterro seja um assunto familiar, não quer que seja televisionado, não quer que as pessoas vejam o enterro", que contará com a presença da família e de poucas personalidades.

Os rituai tradicionais da etnia Xhosa, incluindo o sacrifício de um boi, protagonizarão o enterro de Mandela, no qual estarão ao redor do túmulo os anciões do clã Thembu, ao qual pertence o primeiro presidente negro da África do Sul.

"Um funeral é uma cerimônia complicada que envolve se comunicar com os ancestrais e permitir que o espírito da pessoa que se foi descanse", declarou o chefe Jonginyaniso Mtirara, do clã Thembu.

Há uma semana, muitas pessoas trabalham neste pequeno povoado para garantir o bom desenvolvimento da cerimônia na propriedade de Nelson Mandela, que mandou construir uma casa em Qunu quando foi libertado, em 1990, após 27 anos nas prisões do regime racista.

O corpo de Mandela será levados de avião no sábado (14) de Pretória à província de Cabo Oriental. Se o tempo permitir, a aeronave aterrissará no pequeno aeroporto de Mthatha e será realizada uma procissão até Qunu.


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