Internacional

Líder do Banco Mundial pede fim de discussões 'tolas' sobre clima

Para Jim Kong Kim, é hora da comunidade internacional agir. Tragédias naturais, como o tufão Haiyan, são avisos da mudança climática
Por Do G1 São Paulo 13/11/2013 - 06:49

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O tufão que devastou as Filipinas deve ajudar a acabar com as discussões "tolas" sobre a realidade das mudanças climáticas e mobilizar a comunidade internacional a agir, disse nesta terça-feira (12) o presidente do Banco Mundial Jim Yong Kim.

"Espero que a tragédia nas Filipinas nos ajude a deixar de lado o que penso que são discussões tolas sobre a ciência", afirmou o representante enquanto se celebrava a abertura da conferência da ONU sobre as mudanças climáticas em Varsóvia.

De acordo com a agência France Presse, Kim afirma que o "número" e a "severidade" das tempestades no ano passado, entre elas o furacão Sandy nos Estados Unidos, confirma todas as previsões dos especialistas, que no entanto continuam sendo questionados por alguns céticos do aquecimento global.

"95% dos cientistas do clima concordam em que as mudanças climáticas antropogênicas (induzidas pela atividade humana) são reais e que temos que fazer algo a respeito ou as consequências serão graves", avaliou o presidente do BM, cuja instituição se manifestou recentemente contra o aumento da temperatura global.

Avanços e investimentos
Para Kim, aqueles que questionam estas conclusões não se baseiam em nenhum fundamento científico e não fazem mais que discutir "a ciência em seu conjunto".

"Deixemos as discussões e avancemos. Façamos os investimentos que necessitamos", disse o dirigente, que pediu principalmente para desenvolver a energia renovável e formas de agricultura que respeitem o meio ambiente.

O desafio, segundo ele, também é econômico. O custo anual das grandes tempestades que varrem o litoral é atualmente de US$ 6 bilhões ao ano, mas poderia chegar a US$ 1 trilhão em 2050, advertiu Kim.

Mais de 190 países iniciaram na segunda-feira (11)  duas semanas de negociações em Varsóvia sobre as mudanças climáticas para delinear um acordo para 2015, em meio aos ecos do devastador tufão Haiyan, que teria deixado pelo menos 10.000 mortos nas Filipinas há quatro dias.

Dados do IPCC
A reunião climática acontece dois meses após o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas, o IPCC, anunciar o quinto relatório de avaliação, que aumentou o grau de certeza dos cientistas em relação à responsabilidade do homem no aquecimento global.

Para o painel, há mais de 95% (extremamente provável) de chance de que o homem tenha causado mais de metade da elevação média de temperatura registrada entre 1951 e 2010, que está na faixa entre 0,5 a 1,3 grau.

O documento afirma que as concentrações atmosféricas de dióxido de carbono, metano e óxido nitroso aumentaram para "níveis sem precedentes em pelo menos nos últimos 800 mil anos".

O novo relatório trouxe ainda que há ao menos 66% de chance de a temperatura global aumentar pelo menos 2 ºC até 2100 em comparação aos níveis pré-industriais (1850 a 1900), caso a queima de combustíveis fósseis continue no ritmo atual e não sejam aplicadas quaisquer políticas climáticas já existentes.


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