Internacional

Egito leva Morsi a julgamento 4 meses depois de sua queda

Ex-presidente egípcio será julgado na próxima segunda-feira (4). Esta será a 1º vez que ele aparecerá em público desde que foi derrubado
Por AFP 01/11/2013 - 10:22

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O Egito levará o ex-presidente Mohamed Morsi a julgamento na próxima segunda-feira (4), quatro meses depois de sua queda, que levou o país a viver uma série de manifestações violentas.

Esta será a primeira vez que Morsi aparecerá em público desde que foi derrubado em julho passado.

Seus partidários, na prisão ou dizimados pela implacável repressão das autoridades instaladas no poder em 3 de julho pelo Exército egípcio, prometeram se fazer ouvir quando o primeiro chefe de Estado democraticamente eleito no Egito aparecer no tribunal.

Ante a convocação para a mobilização, um oficial da polícia garantiu à AFP que foi colocado em andamento um plano para garantir a segurança do tribunal e o transporte de Morsi até a sala de audiência, onde ele responderá, junto a outros 14 coacusados, por "incitação ao assassinato" de manifestantes ante o palácio presidencial em 5 de dezembro de 2012.

Este julgamento ameaça agravar as divisões em um país onde milhares de partidários de Mursi morreram na repressão e onde mais de 2 mil islamitas foram presos, entre eles quase toda a direção da Irmandade Muçulmana, a confraria à qual Morsi pertence.

O julgamento de Morsi acontecerá na academia de polícia adjacente à prisão de Tora, no Cairo, na qual estão detidos os principais dirigentes da confraria.

Morsi se encontra detido em um local secreto desde que, em 8 de julho, os confrontos entre partidários e soldados deixaram 50 mortos diante do local onde se encontrava preso inicialmente, desencadeado uma escalada da violência nas semanas posteriores.

A polícia prevê mobilizar 20 mil homens em todo o Cairo, segundo os serviços de segurança.

Ao contrário de seu antecessor, Hosni Mubarak, Morsi já advertiu que não cooperará com a justiça, pois não reconhece sua autoridade, segundo a Aliança contra o Golpe de Estado.

A justiça egípcia, que se opôs a Morsi em várias ocasiões durante sua presidência, parece determinada a seguir adiante com o julgamento e ignorar todo tipo de pressão política. Morsi e os outros acusados enfrentam a pena de morte ou a prisão perpétua por fatos que marcaram uma importante mudança em sua presidência.

Depois de seis meses no poder, Morsi estabeleceu por decreto ficar acima de todo controle judicial, o que motivou as manifestações contra ele.

A Irmandade Muçulmana pediu a seus partidários que desalojassem os manifestantes, provocando cenas de violência que reforçaram a oposição que, seis meses mais tarde, saiu às ruas para reclamar a renúncia de Morsi, o que conseguiu com a ajuda dos militares.

Um antigo assessor de Morsi, Wael Hadara, afirmou que o governo nomeado pelo Exército realizará um simulacro de julgamento. "O mundo verá por fim a verdade: um tribunal de marionetes", afirmou à AFP.

Também previu que, quando Morsi aparecer na cadeira dos acusados, "esta imagem despertará as multidões no Egito".

 


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