Internacional

Papa defende direitos de imigrantes e denuncia 'trabalho escravo'

Mensagem foi divulgada em carta pelo Dia dos Migrantes e Refugiados. 'Não são peões no tabuleiro de xadrez da humanidade', diz texto
Por reuters 24/09/2013 - 10:10

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O papa Francisco pediu nesta terça-feira (24) que os países acolham e respeitem os refugiados, sem tratá-los como "peões no tabuleiro de xadrez da humanidade", em carta enviada a instituições governamentais e internacionais, como a Organização das Nações Unidas (ONU). A mensagem teve como mote o Dia Mundial dos Migrantes e Refugiados.

Francisco, que faz da defesa dos pobres e vulneráveis a principal marca do seu pontificado, disse que precisa haver uma mudança de atitude por parte dos países que recebem pessoas de outras origens. "Os migrantes e refugiados não são peões no tabuleiro de xadrez da humanidade. [...] São crianças, mulheres e homens que deixam ou são forçados a deixar suas casas por várias razões, que partilham de um desejo legítimo de saberem e terem, mas acima de tudo de serem mais."

O papa também repetiu sua condenação ao "trabalho escravo" e ao tráfico humano, ampliando sua crítica à "cultura descartável" - termo que ele tem usado para descrever uma sociedade em que os improdutivos, como os idosos, são negligenciados como objetos que perderam a utilidade.

O papa, descendente de italianos que migraram para a Argentina no começo do século 20, defendeu a "eliminação de preconceitos e pressuposições" a respeito da migração. "Não de forma infrequente, a chegada de imigrantes, pessoas desalojadas, candidatos a asilo e refugiados dá margem a suspeita e hostilidade. Há um temor de que a sociedade se torne menos segura, que a identidade e a cultura se percam, que a concorrência por empregos se torne mais forte, e que mesmo a atividade criminal aumente."

Na mensagem, Francisco recriminou empresas que exploram imigrantes e refugiados, muitos deles trabalhando em troca de baixos salários diários em lavouras e fábricas clandestinas daItália e outros lugares da Europa.

"Particularmente perturbadoras são essas situações em que a migração é não só involuntária, como na verdade acionada por várias formas de tráfico humano e escravização. Hoje em dia, ‘trabalho escravo' é uma moeda comum", afirmou o papa.

Em julho, na sua primeira viagem para fora de Roma desde a eleição como papa, ocorrida em março, Francisco foi à ilha de Lampedusa, no sul da Itália, para chamar a atenção do drama de milhares de refugiados e migrantes que desembarcam por lá todos os anos.

"Uma mudança de atitude com relação aos migrantes e refugiados é necessária por parte de todos, afastando-nos das atitudes de defesa e medo, indiferença e marginalização - todas típicas de uma cultura descartável -, no sentido de atitudes baseadas em uma cultura do encontro, a única cultura capaz de construir um mundo melhor, mais justo e fraterno", disse o pontífice na mensagem.

"O desenvolvimento não pode ser reduzido só ao crescimento econômico, muitas vezes obtido sem um pensamento pelos pobres e vulneráveis."


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