Internacional

Presidente da Colômbia mobiliza 50 mil militares após protestos

Forças Armadas foram mobilizadas em Bogotá nesta sexta. Duas pessoas morreram em manifestações de trabalhadores
Por France Presse 30/08/2013 - 11:49

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O presidente colombiano, Juan Manuel Santos, ordenou militarizar Bogotá e mobilizar 50 mil soldados nas estradas do país para garantir a mobilidade, afetada por protestos de camponeses que acontecem há 12 dias e que na véspera deixaram dois mortos na capital, anunciou a presidência.

"Ontem mesmo (quinta-feira), à noite, ordenei a militarização de Bogotá e assim o farei a partir de hoje em qualquer município ou zona onde seja necessária a presença de nossos soldados (...) e ordenei esta madrugada que sejam mobilizados 50.000 homens de nossas forças militares nas estradas do país para ajudar na mobilidade", afirmou Santos em um discurso por rádio e televisão transmitidos nesta sexta-feira (30).

O presidente informou que nos distúrbios de quinta duas pessoas morreram.

Milhares de pessoas se manifestaram na quinta-feira nas principais cidades da Colômbia para apoiar os camponeses que exigem ajuda financeira do governo, em passeatas que terminaram com cenas de violência em Bogotá e Medellín.

Em Bogotá, trabalhadores, estudantes e profissionais da saúde ocuparam a Praça Bolívar, no centro da capital, onde a polícia de choque reprimiu os manifestantes.

Segundo o ministro da Defesa, Juan Carlos Pinzón, 37 policiais ficaram feridos nos protestos, em todo o país, incluindo três agentes baleados em Soacha, subúrbio de Bogotá.

"Está claro que aqui não há inocentes: são vândalos, criminosos a serviço de interesses obscuros, certamente a serviço dos terroristas das Farc", disse Pinzón em referência à guerrilha colombiana.

O protesto que começou pacífico na capital degenerou no final da tarde, quando manifestantes e policiais se enfrentaram, o que destruiu as vidraças de várias agências bancárias e lojas.

Grupos de encapuzados atacaram os policiais com vidros quebrados, paus e pedras, constatou a AFP no local. A polícia reagiu com bombas de gás lacrimogêneo.

O ministro do Interior, Fernando Carrillo, atribuiu os incidentes a "vândalos que não são camponeses".

Em Medellín, segunda principal cidade da Colômbia, o protesto terminou em confronto entre policiais e manifestantes, e dois jornalistas foram agredidos pela polícia, constatou o fotógrafo da AFP.

No final da tarde, o presidente Juan Manuel Santos se reuniu com a liderança policial para avaliar a situação.

No total, ocorreram 48 protestos, em todo o país.

Jorge Morales, um estudante de 22 anos, declarou à AFP em Bogotá que "é preciso apoiar os camponeses. Os TLCs (tratados de livre comércio) nos deixam mal. Os camponeses preferem jogar fora suas colheitas e derramar seu leite porque tudo está entrando do estrangeiro com preços muito baixos, não vale a pena vender".

"Sou neta de camponeses e não é justo que este país, capaz de produzir comida para se sustentar, traga tudo de fora porque é mais barato", lamentou outra estudante.

Os camponeses, que bloqueiam as principais estradas do país, iniciaram o protesto em 19 de agosto para exigir preços mínimos sobre alguns produtos agrícolas e a redução dos preços de fertilizantes, pesticidas e sementes.

Nesta quinta-feira, os camponeses realizavam 72 bloqueios em 37 trechos de estradas de oito regiões da Colômbia, segundo o ministério do Interior.


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