TÓQUIO 2020

Paralimpíadas abrem os olhos da sociedade à discussão sobre capacitismo

Por Assessoria 19/08/2021 - 16:29

ACESSIBILIDADE

Assessoria
A atleta paralímpica Verônica Hipólito
A atleta paralímpica Verônica Hipólito

Com a proximidade das Paralimpíadas de Tóquio, que começam na terça-feira, 24, a atleta paralímpica Verônica Hipólito fez um post em suas redes sociais que repercutiu bastante. Nele, citava um ‘Manual da Paralimpíada’: “Não olhe para a deficiência, olhe para a EFICIÊNCIA. A potencialidade! Sem usar o ‘que superação’ só por ver alguém sem perna, braço, cadeirante, cega/baixa visão ou com paralisia. A gente treina pra caramba para estar lá”. O alerta, extremamente necessário, pode ser resumido em uma palavra: capacitismo.

A assistente social Mayra Vilar vê a fala da atleta Verônica como uma reivindicação política. Ela cita que a sociedade foi pautada numa ideia de normalidade que traz papéis socialmente determinados aos homens e as mulheres, geralmente numa relação desigual, que traz a heterossexualidade como regra, com padrões de beleza pré-estabelecidos e que enxerga a pessoa com deficiência como incapaz.

“O capacitismo vem como uma forma discriminatória e preconceituosa de reduzir potencialidades e capacidades das pessoas às suas deficiências, seja no âmbito doméstico, nas relações sócio-afetivas, no esporte, no trabalho. Nós precisamos, primeiramente, entender que a deficiência não é contraposição ao ‘normal’, ele é diverso e heterogêneo. Precisamos romper com essas concepções. Essa responsabilidade é de todo mundo”, explica Mayra.

Essa experiência vem, em grande parte, de seu trabalho há dois anos no Núcleo de Apoio Pedagógico e Psicossocial (NAPPS) do Centro Universitário Tiradentes (Unit/AL), onde, entre outras atividades, realiza o acompanhamento contínuo ao aluno com deficiência ou transtornos de aprendizagem, auxiliando professores na adaptação de metodologias de ensino, intérpretes de Libras em sala para alunos surdos e até provas em braille.

Por isso ela aponta as Paralimpíadas como um momento único para um debate sobre capacitismo envolvendo pessoas com e sem deficiência. “É preciso destacar a importância da visibilidade da pessoa com deficiência ocupando espaços políticos, postos de trabalho, salas de aula e também no esporte. As Paralimpíadas são necessárias não somente para representatividade das pessoas com deficiência, mas para toda sociedade, pois é um momento em que, através da visibilidade, conquista-se a atenção e respeito”, destaca a assistente social.


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