CULTURA

Homem que afirma ter escrito 30 livros é indiciado por plágio em tese de pós-doutorado

Por Com Agências 09/08/2022 - 20:58

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A Polícia Civil indiciou por plágio na semana passada João Riél, 31 anos, que foi recebido como desembargador por pelo vice-presidente Hamilton Mourão e diz ter escrito 30 livros. O texto em questão é a tese de pós-doutorado que ele alega ter feito em uma instituição italiana e que foi publicado em livro.

João nunca foi advogado e não tem registro na Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). Consultada pelo g1 por e-mail, a Università degli Studi di Messina, onde ele afirma ter cursado pós-doutorado, afirmou que "as informações solicitadas não podem ser fornecidas, pois a universidade fornece dados sensíveis apenas mediante solicitação formal feita pelas administrações públicas".

Em seu site e em entrevista a um canal do YouTube, João afirma que o pós-doutorado, lançado em formato de livro, tem prefácio assinado pela ministra do Superior Tribunal de Justiça (STJ) Nancy Andrighi, comentários escritos pelos ministros do STF Dias Tóffoli, Ricardo Lewandoski e Gilmar Mendes, além de co-orientação do ex-presidente do Tribunal de Justiça do RS (TJRS) Luiz Difini. STJ, STF e Difini foram procurados pelo g1 e não responderam até a publicação desta reportagem.

De acordo com a delegada Graciela Foresti Chagas, de Arroio do Tigre, onde ocorrem as investigações, esse foi o segundo indiciamento por plágio remetido à Justiça. O primeiro inquérito foi encaminhado em maio deste ano. Em nenhuma das investigações Riél foi ouvido.

"Até o momento, ele não compareceu para prestar depoimento, mesmo tendo sido intimado", afirmou a delegada. Segundo ela, Riél alega ter domicílio em Porto Alegre e por isso não poderia ser ouvido em Arroio do Tigre. A delegacia abrange o município de Tunas, onde nasceu João Riél.

O Ministério Público do RS informou que o primeiro inquérito está em análise, e o segundo ainda não chegou à Promotoria.

O fato de ele não ser ouvido não impede que os inquéritos sejam concluídos.

Outras investigações
Desde 2018, João Riél é investigado por ter entrado com pelo menos uma dezena de ações no Foro da Comarca de Arroio do Tigre, município de pouco mais de 13 mil habitantes, sem ter registro como advogado e constando na OAB apenas como estagiário, em inscrição já expirada.

Conforme a delegada, estão acontecendo oitivas de pessoas citadas em processos assinados por ele. A delegada relata que algumas delas "desconheciam o ajuizamento da ação e desconheciam as assinaturas." As investigações estão em curso.


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