EM ALAGOAS

Mortes por covid-19 superam todos os óbitos por AVC, infarto e doenças cardiovasculares

Números referentes ao 1° trimestre deste ano reafirmam gravidade da doença em Alagoas
Por Bruno Fernandes/Jornal Extra 18/04/2021 - 08:01
Atualização: 18/04/2021 - 08:12

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Agência Brasil
Covid-19 registra mais óbitos que trânsito, AVC e doenças cardiovasculares juntos
Covid-19 registra mais óbitos que trânsito, AVC e doenças cardiovasculares juntos

Covid-19 foi a maior causa isolada de mortes em Alagoas durante os três primeiros meses de 2021, com 1.033 óbitos, aponta levantamento feito pelo EXTRA com base em dados do Portal da Transparência de Registro Civil da Arpen (Associação Nacional dos Registradores de Pessoas Naturais) no período de 1º de janeiro a 31 de março. O número corresponde a 23% do total das mortes (4.742) registradas no período em Alagoas.

O número é explicado pelo avanço da pandemia no Brasil, que fez com que a mortalidade pela covid-19 superasse, pela primeira vez, todas as mortes causadas por outras doenças em um trimestre no estado. Em Alagoas, a doença supera o número de óbitos por AVC infarto, doenças cardiovasculares e até mesmo mortes no trânsito, um total de 27 entre janeiro e março deste ano e 96 durante todo o ano de 2020.

Na soma dos cartórios não estão incluídas as mortes por causas externas, ou seja, acidentes, homicídios e suicídios. O número de mortes no trânsito durante todo o ano de 2020 e durante os três primeiros meses de 2020 foram revelados pelo Batalhão de Polícia e Trânsito, responsável pelo levantamento.

Vale ressaltar que os dados dos cartórios classificam as mortes ocorridas em cada dia, diferentemente dos números apresentados pelo Ministério da Saúde e pelo consórcio de imprensa, que levam em conta as confirmações de óbitos em dias anteriores, mas apenas confirmadas naquela data. Números referentes ao primeiro trimestre deste ano reafirmam gravidade da doença em Alagoas.

Enquanto apenas a covid-19 matou 1.033 pessoas em Alagoas nos três primeiros meses, doenças cardiovasculares (344), infarto (243), AVC (292), Septicemia (385), Pneumonia (310) e insuficiência respiratória (250) só superam a doença causada pelo novo coronavírus se forem somadas juntas, chegando a 1.824. Durante o mês de janeiro, no entanto, o número de óbitos era de 226 pelo coronavírus, o que significa um aumento de 357% no número de mortes em apenas três meses.

A tendência, revela o Observatório Alagoano de Políticas Públicas Para Enfrentamento à Covid-19, da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), é de um aumento no número de novos óbitos, já que a última semana epidemiológica, a segunda do mês de abril, foi a mais letal da doença desde o começo da pandemia em Alagoas, em março de 2020.

De acordo com o relatório, o recorde anterior era de 158 óbitos, registrado na 23ª SE (Semana Epidemiológica) de 2020, isto é, no auge da pandemia em território alagoano. Este último recorde foi registrado no mesmo dia em que Maceió encerrou o último domingo com a ocupação de 90% da capacidade das UTIs de covid-19 esgotada. São 195 pacientes internados nos 216 leitos de tratamento intensivo nos hospitais das redes pública e contratualizada, nos hospitais privados.

No estado, dos 372 leitos totais destinados aos pacientes que desenvolveram a forma grave da doença, 322 estavam ocupados até a terça, 13, o equivalente a 87%. No interior, a taxa de ocupação das UTI era de 81%, segundo boletim da Secretaria de Estado da Saúde (Sesau).

No Brasil, o número é um pouco mais alarmante. Dados referentes à semana entre 28 de março e 3 de abril revelam que os óbitos pela covid-19 responderam por 50,3% das mortes naturais no país, enquanto todas as outras doenças somadas responderam por 49,7%.

A participação da covid-19 nas mortes naturais mais do que dobrou desde o início do ano. Na primeira semana de 2021, o percentual era de 23,2% —próximo ao registrado em 2020 (a partir de 16 de março): 19%. A primeira vez que esse índice ultrapassou 30 pontos percentuais foi na nona semana do ano (de 28 de fevereiro a 6 de março), quando ficou em 33,9%. A partir daí, a média disparou. Até agora, o maior número de mortes diárias no país foi o registrado no dia 6 deste mês, com 4.211 óbitos.


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