LUTOU CONTRA ALEMÃES

Alagoano ex-combatente da segunda guerra mundial é vacinado no Rio

Morador do Paiol disse que a injeção nem doeu, que enfrentar batalhas é bem pior
Por Bruno Fernandes com O DIa 20/01/2021 - 14:34
Atualização: 20/01/2021 - 14:56

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Divulgação
O ex-combatente João Amaro dos Santos, 95 anos
O ex-combatente João Amaro dos Santos, 95 anos

O alagoano João Amaro dos Santos, de 95 anos, foi o primeiro morador do município de Nilópolis a ser vacinado contra a covid-19, nesta quarta-feira, 20. João é ex-combatente da segunda guerra mundial e chegou a defender uma frota de navios mercantes de um submarino alemão perto do Estreito de Gibraltar durante o grande confronto.

"Eu nem consigo falar de tão emocionado e alegre que fiquei por ter sido escolhido. A injeção nem doeu, enfrentar batalhas é bem pior", afirmou o viúvo de dona Edith Santos e pai de quatro filhos ao jornal O Dia. Morador do bairro Paiol, ele saiu de casa usando um terno ornado com suas inúmeras medalhas.

João Amaro foi vacinado pela superintendente de enfermagem do Posto Central, Andréa da Silva Paulo Rodrigues, e estava acompanhado da filha Edileusa, com quem mora no bairro do Paiol.

"Meu pai é muito conhecido no bairro. Quando ninguém tinha carro, ele transportava as vizinhas grávidas e fez vários partos", contou a filha Edileusa. Por causa de seus feitos, como agradecimento, as mães deram os filhos para seu João batizar. Ele e a esposa, com quem foi casado por 63 anos, têm dezenas de afilhados. Generoso, o tenente também criou quatro sobrinhos.

João Amaro é alagoano de Maceió, foi para o Rio de Janeiro aos 16 anos e se alistou na Marinha do Brasil. "Durante a Segunda Guerra, nós levamos armamentos e soldados até o Estreito de Gibraltar, e foi ali perto que bombardeamos um submarino", contou ele.

João Amaro lembrou que, após o feito, assim que o navio atracou na Bahia, o comandante levou toda a tripulação para assistir a uma missa em ação de graças por todos terem sobrevivido.

"O comandante foi pessoalmente na paróquia e acordou o padre", recordou o idoso, cujos olhos brilham ao lembrar também os 48 portos que conheceu durante a carreira na Marinha.


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