PANDEMIA

Nova onda de covid-19 é resultado das eleições, diz presidente do Sinmed

Candidatos distribuíram “presentinho invisível” em meio a abraços e santinhos
Por José Fernando Martins 05/12/2020 - 15:00
Atualização: 05/12/2020 - 15:07

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Divulgação
O resultado das eleições revelou bem mais do que os nomes dos eleitos
O resultado das eleições revelou bem mais do que os nomes dos eleitos

Abraços em demasia e apertos de mãos à vontade. Vale tudo para conquistar o voto do eleitor, até se arriscar e colocar a vida do próximo em risco em plena pandemia da covid-19. A Justiça Eleitoral e o Ministério Público bem que tentaram barrar grandes aglomerações nas eleições de 2020, mas basta passear pelas redes sociais dos candidatos que participaram do pleito e constatar desde a falta do uso de máscaras até o descaso com o distanciamento social. O resultado das eleições revelou bem mais do que os nomes dos eleitos, mostrou ainda um aumento nas internações por infecção causada pelo novo coronavírus. E o pior ainda pode estar mascarado pela redução da realização de testes para o diagnóstico, a chamada subnotificação.

Recente estudo do Observatório Alagoano de Políticas Públicas para o Enfrentamento da Covid-19, publicado no dia 30 de novembro, um dia após o encerramento das eleições, constatou avanço dos casos registrados ao longo da 48ª semana epidemiológica no estado. O levantamento confirma a tendência de alta na transmissão do vírus nas últimas semanas. “Os 1.254 casos notificados na última semana representam um aumento de 43% em relação ao período anterior. Entre as localidades analisadas, Maceió continua liderando essa expansão, tendo sido notificados 477 casos na 48ª semana, que corresponde a um incremento de 54% em relação à semana anterior”, revelou.

O balanço foi realizado pela Faculdade de Nutrição da Universidade Federal de Alagoas (Ufal) com a participação dos professores Gabriel Soares Bádue, Denisson da Silva Santos, Flávio José Domingos, João Araújo Barros Neto, Jonas Augusto Cardoso da Silveira e Nassib Bezerra Bueno.

Com relação às mortes, o estado continua mantendo uma tendência de queda, tendo registrado 20 óbitos na última semana. Contudo, quando esse quantitativo é analisado entre as diversas regiões observadas, percebe-se alternâncias entre altas e baixas desses indicadores. Sendo assim, é possível analisar que a ocorrência de óbitos continua instável.

E o levantamento ainda faz um alerta: “Considerando que as evidências de controle são verificadas a partir de um período mínimo de quatorze dias de queda nos números de casos e óbitos, entendemos que, ao final da 48ª semana, Alagoas apresenta sinais de descontrole da transmissão do novo coronavírus, que poderá causar expansão de novos casos e óbitos por todo o estado caso não haja uma reversão desse cenário”. Apesar da redução na oferta de leitos dedicados a pacientes da covid-19 nas últimas semanas, a taxa de ocupação dos leitos com respiradores, incluindo os leitos de UTI, não teve variação significativa ao longo da última semana.

Porém o presidente do Sindicato dos Médicos de Alagoas (Sinmed/AL), Marcos Holanda, que já lutou contra o novo coronavírus, tem uma outra visão quando se trata de internamentos. “Apesar de continuarmos na fase azul, em Alagoas a segunda onda da covid-19 já começou. Hospitais privados já estão suspendendo as cirurgias eletivas devido a iminência de um novo período de pico. Entre os pacientes positivados recentemente constam médicos plantonistas que atuam na rede pública, gerando uma carência que agrava a preocupação com o atendimento”, informou ao EXTRA.



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