ALAGOAS

Cirurgias eletivas foram reduzidas em 40% por causa da Covid-19

Hospitais do estado deixaram de fazer mais de 9 mil procedimentos no primeiro semestre
Por Tâmara Albuquerque 27/09/2020 - 08:48
Atualização: 27/09/2020 - 09:22

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Divulgação
Alagoas está entre os estados com maior número de redução de cirurgias eletivas
Alagoas está entre os estados com maior número de redução de cirurgias eletivas

O número de cirurgias eletivas nos hospitais de Alagoas no primeiro semestre foi reduzido em 48% quando comparado a igual período do ano passado devido a pandemia do novo coranavírus. O percentual está acima da média verificada no país, que aponta uma queda de 40% nos procedimentos. Foram realizadas no estado 10.195 cirurgias até julho deste ano, segundo os dados do Sistema de Informações Hospitalares do Ministério da Saúde, Em 2019, o sistema registrou 19.702 procedimentos eletivos (agendados).

O percentual coloca Alagoas no 4 lugar entre os estados com maior redução de cirurgias eletivas no país. A redução mais significativa foi no Maranhão: houve queda de 56%. Em seguida, estão Piauí (51%) e Paraíba (49%). Em todo o país feitos 706.077 procedimentos, enquanto que em 2019 foram 1.175.018 no mesmo período.

O site Poder360 fez o levantamento dos números do Ministério da saúde, incluindo 16 procedimentos de pequenas cirurgias a intervenções mais complexas. Os procedimentos são realizadas pela rede pública estadual e municipal, ou pagas pelo SUS, em hospitais particulares.

Segundo especialistas, pacientes deixaram de ir a hospitais, e muitos leitos passaram a ser usados no combate à covid-19. Em abril, a Anvisa recomendou o adiamento dessas cirurgias. Mauro Junqueira, secretário-executivo do Conasems (Conselho Nacional de Secretarias municipais de Saúde), esclareceu que os hospitais, incluindo os de Alagoas, deixaram de fazer cirurgias eletivas ou diminuíram sensivelmente a quantidade. O foco era organizar a rede hospitalar para receber pacientes da covid-19.

“A realização de cirurgias demanda equipamentos de proteção, anestésicos, tudo isso foi direcionado para a covid-19. Nesse período de pandemia, tivemos a falta de medicamentos para intubação, foi necessário suspender todas os procedimentos para que houvesse remédio suficiente”, destacou.

Possível retorno

Junqueira acrescentou que a retomada dessas cirurgias pode ocorrer a partir do dia 30 de setembro. O assunto ainda está sendo discutido. No entanto, o país ainda está passando por dificuldades com estoque de medicamentos para intubação.

A professora da Ufes (Universidade Federal do Espírito Santo) Ethel Maciel, pós-doutora em epidemiologia, acrescenta que o adiamento pode congestionar o sistema de saúde depois da pandemia. Poderá ocorrer acúmulo de pessoas em busca dos procedimentos. “São cirurgias que não são emergenciais, mas o atraso pode influenciar no prognóstico. Sabemos que isso vai gerar uma fila enorme. No entanto, elas tiveram que ser canceladas porque muitos profissionais ficaram doentes, foram desviados para outros setores”, disse.

O site Poder360 ouviu o Ministério da Saúde que, por nota, explicou que a avaliação do risco-benefício de se realizar o procedimento eletivo deve ser definida pela equipe médica assistencial, em alinhamento com as diretrizes vigentes adotadas pelo estabelecimento, de acordo com as recomendações das secretarias Estaduais e municipais de saúde.

“As secretarias têm autonomia para definir as estratégias mais adequadas de atendimento à população de sua área de abrangência, a partir das características da rede de saúde disponível no território”, informou. A Secretaria de Estado da Saúde do Maranhão esclareceu, por nota, que a rede Estadual suspendeu as cirurgias eletivas no mês de abril por causa do novo coronavírus. “O retorno das cirurgias eletivas foi regulamentado por uma portaria e a partir deste mês (setembro) foi retomado o programa “Mais Cirurgias”, destacou.

A Secretaria de Saúde do Piauí também informou, por nota, que o Comitê de Operações Especiais da Secretaria de Estado da Saúde retomou as cirurgias e consultas eletivas a partir do dia 9 de setembro. “De início apenas 30% da capacidade de cirurgias será atendida e 50% de consultas e exames. O crescimento será gradativo no decorrer de cada quinzena e de acordo com a diminuição dos casos de covid-19“, disse.

A reportagem do Extra não conseguiu ouvir o secretário da Saúde, Alexandre Ayres, sobre o assunto, mas continua tentando contato, visando trazer mais esclarecimentos ao público.



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