PRESÍDIOS

Alagoas é quarto do Nordeste em casos suspeitos de Covid-19

Estado ainda não registrou óbito dentro do sistema penitenciário onde estão 4.560 detentos
Por Sofia Sepreny 06/06/2020 - 08:51

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Divulgação
Covid-19 atinge população carcerária de Alagoas
Covid-19 atinge população carcerária de Alagoas

Depois de atravessar fronteiras internacionais, o novo Coronavírus também invadiu os muros das penitenciárias em Alagoas. Com quatro detentos com diagnóstico positivo da Covid-19, o estado está em 4° lugar no ranking de estados do Nordeste com maior número de encarcerados com suspeita de contaminação pela Covid-19. 

Segundo o Departamento Penitenciário Nacional (Depen) do Ministério da Justiça e Segurança Pública, 13 casos da doença estão sendo investigados nos presídios alagoanos e sete detentos já se recuperaram da Covid-19.

Pernambuco tem a pior situação dentre os estados da região, com 50 casos suspeitos - em termos percentuais, isto representa 44,6% dos casos em análise no Nordeste - 127 confirmados, três mortes e 97 detentos recuperados da doença. É seguido pelo Maranhão (24,11%), com 27 suspeitas, 16 casos confirmados, uma morte e seis recuperados. 

Apesar de Alagoas estar em quarto no número de suspeitos (11,6%) outros estados apresentam situação mais preocupante, como por exemplo o Ceará, que não consta nenhum caso suspeito, mas computa 51 casos confirmados e um óbito. 

A Paraíba tem 37 casos confirmados, nenhum em investigação e 17 recuperados. O Rio Grande do Norte está em terceiro no ranking de casos suspeitos da Covid-19, com 22 detentos (19,6%) sendo investigados, seis confirmados e 10 recuperados. Sergipe tem cinco casos confirmados de presos com Covid-19, um óbito e um recuperado.
Em melhor situação, de acordo com o boletim do Depen, está a Bahia, com apenas um caso confirmado da doença, seguido por Piauí com apenas 2 casos confirmados e outro recuperado. 

De acordo com os dados do Depen atualizados até a quarta-feira, 3, nos presídios da Região Nordeste, 246 detentos testaram positivo e 122 são suspeitos. O painel regional revela ainda que 147 se recuperaram da doença. Um total de seis mortes foram registradas desde março, sendo que em todo o País, as mortes pela Covid-19 no sistema prisional somavam 45 até a quinta, 4.

Divergências

Alguns dados do Depen divergem dos disponibilizados pela Secretaria de Estado de Ressocialização (Seris). Segundo a Seris, conforme o boletim da Gerência de Saúde da última terça-feira, 2 de junho, são nove os casos suspeitos entre reeducandos alagoanos e não 13. 

Ainda segundo a Seris, os quatro casos que testaram positivo foram detectados antes mesmo de dar entrada no sistema prisional alagoano e todos foram encaminhados, após triagem, para o Hospital de Campanha montado em área anexa ao Presídio Feminino Santa Luzia, no complexo penitenciário de Maceió, onde também são assistidos os detentos que apresentam ao menos dois sintomas, sendo um respiratório, da doença. 

Ainda conforme o mesmo boletim, 16 detentos testaram negativo para Covid-19. A Seris também revelou que de acordo com o último mapa da população carcerária, o número de presos em todo estado é de 4.560. A pasta não soube informar o número total de testes que já foram realizados no sistema penitenciário.

Agentes

Entre os servidores penais, a situação de contaminação é mais grave. A Seris revelou que são 349 casos suspeitos e 55 confirmados. Ao todo, 259 testaram negativo, mas dois óbitos motivados pelo vírus foram registrados. No Presídio do Agreste, em Girau do Ponciano, apenas 11 servidores da empresa Reviver (que atua na cogestão da unidade) testaram positivo, 15 outros casos suspeitos estão sendo investigados.

Medidas de prevenção adotadas pelos presídios

Inicialmente as visitas ao sistema prisional foram suspensas em cumprimento da determinação dos juízes da 16ª Vara Criminal (Execuções Penais), a fim de se evitar a propagação do vírus, já estudando a possibilidade de adotar a chamada visita virtual. 

A entrega de alimentos por familiares dos reeducandos, em virtude do elevado risco de contaminação, também foi suspensa e a alimentação para suprir essa suspensão ficou a cargo do Serviço de Nutrição (Sanut) que mantém a distribuição regular das três refeições diárias.

Ainda segundo a Seris, todos os reeducandos foram vacinados contra a Influenza (H1N1) pela equipe psicossocial da Gerência de Saúde. Além disto, o Estado tem garantido o atendimento social aos familiares dos reeducandos por contato telefônico e é por meio deste contato que os profissionais fornecem informações sobre o reeducando e revelam a situação do presídio quanto à pandemia. 

Os presos também estão participando de oficinas de saneantes para fabricação de produtos de limpeza como cloro, detergente, desinfetante, água sanitária e sabão em barra. Todo o material é utilizado na limpeza das próprias unidades prisionais.

Em Girau do Ponciano a oficina de corte e costura do Presídio do Agreste vem produzindo máscaras para distribuição entre reeducandos e servidores. Doações também foram feitas para o Hospital da Mulher.

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