CORONAVÍRUS

Sociedade Alagoana de Infectologia passa a não recomendar a cloroquina contra Covid-19

Por José Fernando Martins 27/05/2020 - 12:46
Atualização: 27/05/2020 - 13:07

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Segundo estudos, cloroquina ainda não se mostrou eficaz
Segundo estudos, cloroquina ainda não se mostrou eficaz

A Sociedade Alagoana de Infectologia (SAI) informou em documento encaminhado ao público, na segunda-feira, 25, que não recomenda mais o uso rotineiro de cloroquina e hidroxicloroquina para tratamento da Covid-19. Em boletim anterior, a entidade tinha apoiado as medicações.

"Passamos a não recomendar o uso rotineiro de cloroquina ou hidroxicloroquina para tratamento da Covid-19, mesmo para pacientes com fatores de risco para complicação, assim como o fez a Sociedade Brasileira de Infectologia", frisou no documento.

O motivo, segundo a entidade, é que "não foi demonstrado o benefício de tais medicações para tratar esta doença e ainda houve associação a um risco maior de letalidade". Em nota, a Secretaria de Estado da Saúde (Sesau) comentou a nova recomendação. 

"A Secretaria de Saúde do Estado de Alagoas informa que não haverá qualquer mudança quanto aos protocolos de uso de cloroquina e hidroxicloroquina para pacientes com sintomas de Covid-19. O uso do medicamento é uma decisão do médico", destacou. 

E continuou: "O paciente recebe todas as informações sobre efeitos colaterais e, caso aceite a prescrição, assina um termo de responsabilidade. O governo estadual, portanto, não impõe a adoção do remédio no tratamento da doença. Não existe, assim, nenhum conflito com a Sociedade Alagoana de Infectologia, e sim uma parceria para enfrentar a crise de saúde pela qual o mundo inteiro atravessa".

Confira na íntegra

Modificação da recomendação de uso da Cloroquina/Hidroxicloroquina

Recomendação SAI – 05

Divulgada em 25 de maio de 2020

Em sua última publicação, A SOCIEDADE ALAGOANA DE INFECTOLOGIA (SAI) apresentou uma proposta de Protocolo de Manejo Ambulatorial das Síndromes Gripais (Recomendação SAI -04).

Naquele documento, a SAI assumiu o compromisso de manter as recomendações atualizadas à luz das melhores evidencias científicas disponíveis. Mantendo este compromisso, a SAI vem a público informar que, considerando as últimas pesquisas científicas publicadas, passamos a NÃO RECOMENDAR o uso rotineiro de Cloroquina ou Hidroxicloroquina para tratamento da COVID-19, mesmo para pacientes com fatores de risco para complicação, assim como o fez a Sociedade Brasileira de Infectologia, uma vez que ainda não foi demonstrado o benefício de tais medicações para tratar esta doença, e ainda houve associação a um risco maior de letalidade.

Os demais pontos da Recomendação-04 estão mantidos, assim como as recomendações para o atendimento urgente de pacientes com sinais de gravidade. Ressaltamos algumas, pelo impacto que existe na letalidade de qualquer doença aguda, por interferir no tempo entre a identificação dos primeiros sinais de complicação e o início do manejo adequado:

– Ofertar pronto-atendimento hospitalar em hospitais que disponham de leitos de enfermaria e UTI destinados à COVID-19, para atendimento urgente dos pacientes com sinais de gravidade, identificados em unidades de saúde de menor complexidade ou no atendimento pré-hospitalar no Serviço Móvel de Urgência, medida essencial por ser a dependência total de transporte em ambulância entre os vários níveis de complexidade na assistência, um ponto crítico em situações de surto/epidemia.

– O tempo de permanência dos pacientes nas unidades de pronto-atendimento e demais ambientes destinados ao atendimento emergencial, deve ser reduzido ao máximo, idealmente não ultrapassando seis (6) horas, com tempo máximo de 24 horas, garantindo assim o acesso de novos pacientes que necessitam de pronto-atendimento e medidas de estabilização imediata; Por se tratar de uma doença recente, com inúmeras pesquisas em andamento, certamente as recomendações de melhor tratamento serão modificadas inúmeras vezes.

Continuamos atentos e sempre norteados pelo princípio hipocrático da ética médica de “primeiro não causar dano”.

Atenciosamente,

Fernando Luiz de Andrade Maia

Presidente da Sociedade Alagoana de Infectologia

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