MEDICINA

Origem e tratamento da Covid-19 voltam a causar polêmica

Por Redação 11/05/2020 - 11:20
Atualização: 11/05/2020 - 11:51

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O imunologista Roberto Zeballos
O imunologista Roberto Zeballos

O imunologista Roberto Zeballos, do Hospital Israelita Albert Einstein, se envolveu na última semana em uma polêmica quanto à Covid-19. Ele, que ganhou destaque na mídia por ter sido responsável pelo tratamento e cura de outro médico, o cardiologista Roberto Kalil Filho, divulgou nas redes sociais um áudio em que conta como o vírus escapou de um laboratório chinês e a suposta forma adequada de tratamento contra o novo Coronavírus.

Em contraponto, o hospital Albert Einstein emitiu nota contradizendo algumas informações do imunologista. Zeballos, em áudio, informou que o Coronavírus estava sendo estudado por cientistas chineses pelo impacto causado no sistema pulmonar dos seres humanos e animais.

Ainda conforme o médico, no ano passado, o vírus escapou do laboratório, localizado na cidade de Wuan. “Houve um acidente, o vírus escapou e a China escondeu informações. E o Coronavírus foi desenhado porque se adapta a qualquer condição ambiental”, frisou. O caso foi negado pelas autoridades da China. 

Ouça o áudio

Pela análise de Zeballos, o vírus tem baixa agressividade, mas pode ser fatal a pessoas com baixa resposta imunológica. “Em 5%, o que ocorre é uma inflamação pulmonar. Quando entra com corticóide logo no início da inflamação, inibe a apresentação antigênica e a liberação de linfócitos”, explicou. O tratamento realizado pelo médico incluiria um arsenal de medicamentos, como hidroxicloroquina e antibióticos. 

Em Alagoas, a Secretaria de Estado da Saúde (Sesau) já começou a tratar pacientes com Covid-19 com cloroquina. Devido a falta de medicamentos em farmácias, o órgão público já traça medidas para a distribuição com enfermos que fazem o tratamento em casa.  

Segundo o Hospital Albert Einstein, o protocolo mencionado para tratamento de pacientes com Covid-19 pelo médico Roberto Zeballos não é o utilizado pela organização, pois todas as diretrizes adotadas pelo Einstein baseiam-se em evidências científicas e não na experiência isolada de um médico. Além disso, informa que o profissional não cuidou de número expressivo de pacientes no hospital conforme comenta em seu áudio.​​

Polêmica

Áudio em circulação no WhatsApp dividiu opiniões. Zeballos enviou a mensagem de voz para o médico, Lucas Barbieri. Zeballos informou à imprensa a gravação é “opinião pessoal” e que a colocação sobre a China abafar o vírus é “irrelevante” porque não pode provar. 

Justificou que se baseou em declarações recentes do virologista francês Luc Montaigner, vencedor do Prêmio Nobel de Medicina em 2008, e entende que é “muita coincidência” a localização do laboratório de Wuhan próxima ao epicentro da pandemia.

No áudio, o médico também afirmou que teria recomendado tratamento ao Roberto Kalil Filho. “Conversei com o Kalil ontem, ele me autorizou a falar que fui que falei para ele tomar o metilprednisolona que salvou ele”. 

Ao Estadão, Zeballos negou a prescrição, disse que apenas conversou com o médico por mensagens, e que o tratamento foi decidido pelos médicos que o atendiam. Sobre a eficácia do medicamento, disse que é sua “impressão” e que “aguarda estudos”. 

Em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo, publicada em 10 de abril, Kalil Filho declarou ter sido tratado com cloroquina, antibióticos, corticoides e anticoagulantes e que “não dá para saber o que fez mais efeito ou se foi o conjunto”.

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