CRISE

Coronavírus é fatal para setor de bares e restaurantes, que deve demitir em massa

Por Tâmara Albuquerque 24/03/2020 - 13:15
Atualização: 24/03/2020 - 14:12

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Foto: Divulgação
Abrasel já havia alertado o governo federal sobre o colapso do segmento
Abrasel já havia alertado o governo federal sobre o colapso do segmento

Mergulhados numa crise econômica que dura três anos, o segmento de bares e restaurantes foi afetado de forma fatal pelo isolamento social ou quarentena, principal e fundamental medida para conter a disseminação do novo coronavírus. O trabalhador dessas empresas, assim como de outros setores econômicos, é quem pagará a conta. A Associação Brasileira de Bares e Restaurante (Abrasel) já havia alertado o governo federal sobre o colapso do segmento, que emprega 6 milhões de pessoas no país. Há duas semanas, a previsão do presidente nacional da Abrasel, Paulo Solmucci, era de um corte de até 3 milhões de empregos em 40 dias. Com a quarentena, a perspectiva é de demissão em massa.

Em Alagoas, mesmo antes de ser anunciada a suspensão do funcionamento dos estabelecimentos pelo decreto estadual [nº69.541], algumas empresas já registravam quedas de até 70% no número de clientes, com perdas superiores a 50% no faturamento em função da pandemia, segundo o presidente da Abrasel local, Thiago Falcão de Farias. A associação possui 400 estabelecimentos cadastrados no estado e que empregam em torno de 10 mil trabalhadores. “Nenhum estabelecimento suporta queda tão drástica no faturamento, principalmente se a situação for duradoura. Entra em colapso”, alertou o empresário ao ser ouvido pela reportagem do EXTRA.

Para enfrentar a crise e tentar preservar as vagas de trabalho, o segmento em escala nacional havia decidido encarar o desafio de manter as empresas de portas abertas, mas intensificando o comprometimento de adotar todas as medidas sanitárias possíveis e de segurança contra a proliferação do coronavírus. Mas, apesar dos argumentos, não escaparam à quarentena.

A Abrasel afirma que o permitido sistema de entrega em domicílio não está ajudando a equilibrar as contas do setor. Segundo o presidente Paulo Solmucci, “é uma falácia isso de que o delivery seria uma salvação, porque temos limitações de atendimento por esse canal, e continuamos com um custo fixo, que representa 45% da receita mensal, em parte pelo peso do pagamento de salários”.

A Abrasel espera que o governo anuncie um pacote de socorro ao setor que incluiria o pagamento de uma espécie de bolsa aos seis milhões de trabalhadores de bares e restaurantes durante os próximos três meses. Se o governo não cumprir o que prometeu, diz Solmucci, o país corre o risco de mergulhar em uma nova crise. “Muitos dos nossos trabalhadores dizem que não sabem como irão viver sem o emprego. É um risco muito grande deixar toda essa gente sem assistência nessa hora”, diz.


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