BAIRROS AFUNDANDO
Minas da Braskem foram instaladas em Maceió sem nenhum critério geológico ou planta de localização
Engenheiro Abel Galindo aponta erros técnicos do maior crime urbano e ambiental do PaísA ação predatória da Braskem com a atividade de exploração de sal-gema em Maceió foi denunciada pelo Serviço Geológico do Brasil (CPRM) em audiência no Senado em fevereiro de 2019. Naquela ocasião, a mineradora foi citada oficialmente como responsável pelos afundamentos no solo e rachaduras em imóveis nos bairros do Pinheiro, Mutange, Bebedouro, Bom Parto e Farol. Passados mais de três anos, os dados disponíveis hoje apontam que a desastrosa atividade – que provocou o maior desastre ambiental urbano em curso no Brasil – era previsível.
O primeiro grande erro da Braskem teria sido a instalação da mineração em área sem estudo geológico profundo sobre a ocorrência de falhas geológicas. De acordo com o engenheiro Abel Galindo, cientista e mestre em geotecnia, não se tem conhecimento de nenhum projeto existente sobre a localização das minas na época em que foram implantadas. Um tiro no escuro que atingiu 60 mil pessoas na capital alagoana. A planta de localização de que se tem ciência teve 18 revisões desde junho 1996.
A primeira perfuração de uma mina no solo de Maceió aconteceu em fevereiro de 1975, com a exploração do sal sendo iniciada no ano seguinte. “Portanto, de 1975 até 1995, foram 20 anos de perfuração sem projeto técnico de localização das minas e sem estudo de subsidência que poderia ocorrer na área de exploração, ao longo da Avenida Major Cícero de Góes Monteiro, com alcance nos demais bairros”.
Na sucessão de erros, o engenheiro aponta o diâmetro das minas, extremamente excessivo e facilitador do rompimento do teto e das paredes em seu entorno, e a arriscada pequena distância entre essas cavernas. “As duas características, associadas à presença de falhas geológicas no entorno das minas e à ocorrência de rochas de baixas resistências, foram cruciais para a desestabilização de toda essa mineração desastrosa”. Os prejuízos ambientais e sociais com a atividade da Braskem dificilmente serão mensurados.
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