OPINIÃO

Depois de destroçar Maceió, Braskem está sendo vendida

Por Elias Fragoso- Economista 22/01/2022 - 08:28

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Afrânio Bastos
Imagem da região afetada pela mineração de sal-gema da Braskem
Imagem da região afetada pela mineração de sal-gema da Braskem

Depois de destroçar Maceió, os controladores da empresa estão saindo de fininho, sem resolver os megas problemas que causaram em nossa cidade. Sabe aquela estória do menino que entra na casa alheia e destroça o que encontra pela frente e depois, vendo a bagaceira que fez, sai de fininho achando que ninguém vai perceber? Pois é exatamente isso que está acontecendo nesse momento com a Braskem. 

Depois de destroçar Maceió, está sendo vendida, a partir do dia 29, para novos controladores que assumirão um pepino gigante ainda não descascado (e outros ainda desconhecidos, diga-se de passagem): a indenização bilionária a Maceió pelos prejuízos materiais e imateriais sofridos pelo mega desastre ambiental que ela provocou em nossa capital. Um estrupo territorial como nunca se viu em nenhum outro lugar do mundo! 

Os atuais controladores, os donos da ex-Odebrecht e a Petrobras saem, mas deixam em Maceió e Alagoas um enorme passivo além do mega desastre: a presença da indústria dentro da área urbana de Maceió ameaçando potencialmente a vida de cerca de 150 mil pessoas que residem, trabalham e estudam nos arredores da empresa; suspeitas de irregularidades no recebimento de incentivos fiscais em Alagoas; dúvidas quanto ao pagamento de ICMS, “esqueletos” que poderão incrementar ainda mais o já gigantesco passivo da empresa em Maceió e Alagoas. 

Um problemão para futuros controladores e demais acionistas da empresa. A história da exploração do sal-gema de Alagoas não é uma bonita passagem no livro da política alagoana, de resto, tão enfeada por centenas de outros mal feitos ao longo de sua história. 

Ela é um conjunto de erros, omissões, desmandos corporativos, anomia, prevaricações, suspeitas de corrupção e “otras cositas más”, as mazelas ocorridas por detrás do escurinho das cortinas do teatro onde se ensaiou e executou-se a tragédia acontecida recentemente em Maceió, de responsabilidade da Braskem. E antes que os de sempre comecem a esgrimir os mesmos argumentos fakes de sempre, de que a empresa seria o carro-chefe da economia alagoana e, blá, blá, blá, queremos informá-los que identificamos alguns dados que desmentem cabalmente essa estória vendida por aqui como verdade desde sempre. 

A Braskem representa tão somente 0,15% do total de empregos do nosso pobre e atrasado estado; nos 18 anos de Braskem em Alagoas, a renda média per capita domiciliar no estado reduziu-se em mais de 40%! E Alagoas, como todos sabem, continua a ser o mais desigual dos estados brasileiros, de um país que é a segunda pior desigualdade do mundo. 

Traduzindo: nos 18 anos de Braskem, nossa economia não avançou, pelo contrário, contraiu-se ainda mais. Ficamos ainda mais pobres. Se é que isso é possível. Significa que a Braskem é a culpada? Em absoluto, pelo contrário a empresa nesses anos todos cresceu e multiplicou seus tentáculos operacionais. Nesse quesito nada a dizer da sua atuação. 

Os dirigentes de Alagoas é que foram incapazes e incompetentes para tirar o estado da lama do atraso de sempre. Na verdade, o que veem fazendo é afundá-lo ainda mais no charco. E por falar nisso, alguém aí ouviu ou soube de alguma reação do governo de Alagoas ou da Prefeitura de Maceió no tocante à defesa dos interesses de Alagoas e de Maceió antes que essa venda aconteça? Típico. Pobre Alagoas. Pobre Maceió!


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