PROBLEMA DURA 91 ANOS
Falta espaço para enterrar mortos no único cemitério público de Palmeira dos Índios
Cemitério São Gonçalo foi construído há mais de 100 anosPalmeira dos Índios vive uma situação extremamente preocupante. O único cemitério público da cidade – o São Gonçalo – não tem mais espaço físico para enterrar os mortos. Ultimamente, quando não são observados atentamente pelos familiares, os corpos são enterrados sobre os outros num total desrespeito à dignidade dos mortos.
O amontoado de corpos tem provocado revolta e indignação nos familiares que, confundido, não conseguem identificar os restos mortais dos entes queridos.
O problema começou há 91 anos, quando em 1930, através do seu segundo relatório, o então prefeito Graciliano Ramos percebeu a necessidade de Palmeira dos Índios ter um novo cemitério para atender a demanda da época. No entanto, diante de outras necessidades e da falta de recursos financeiros, Graciliano Ramos não executou a obra, conforme ressaltou no relatório.
O clima é de revolta, indignação e frustação. A dona de casa Rosibélia Ramiro Santos, que tem vários familiares enterrados no São Gonçalo, defende a construção imediata de outro cemitério público em Palmeira dos Índios.
“As famílias pobres de Palmeira dos Índios não têm mais lugar para enterrar com decência e respeito os entes queridos. O único cemitério público está entupido. Não cabe mais defunto. Isso dói muito e fere o último direito do ser humano”, enfatizou Rosibélia Ramiro.
Ampliações
Na década de 1970 o prefeito Minervo Pimentel ampliou o São Gonçalo anexando uma área que foi por ele denominada de Cemitério Santo Amaro. Na verdade, é o mesmo cemitério, pois o Santo Amaro é uma extensão do São Gonçalo.
Na década de 2000 o prefeito Albérico Cordeiro anexou outra área. Dessa feita, do lado esquerdo do cemitério do São Gonçalo. As duas ampliações não foram suficientes para atender à quantidade de corpos que chegam ao São Gonçalo.
Ameaça à saúde pública
Ladeado por residências e lojas comerciais numa violação às resoluções do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) e constituindo uma ameaça permanente à saúde pública de Palmeira dos Índios, o Cemitério São Gonçalo pode a qualquer momento contaminar o lençol freático local, da rede de água para consumo humano, além de cacimbas e poços artesianos.
O necrochorume – um líquido viscoso formado por vírus e bactérias – pode provocar danos irreparáveis à saúde da coletividade de Palmeira dos Índios, principalmente dos moradores vizinhos ao Cemitério São Gonçalo. Até o momento nenhum órgão especializado realizou estudo de impacto ambiental provocado pelo Cemitério São Gonçalo.
Direito sagrado assegurado pela legislação brasileira – o de ser enterrado com dignidade – em Palmeira dos Índios pertence apenas às famílias abastadas, que realizam enterro num cemitério particular, uma espécie de condomínio fechado.
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