PROBLEMA DURA 91 ANOS

Falta espaço para enterrar mortos no único cemitério público de Palmeira dos Índios

Cemitério São Gonçalo foi construído há mais de 100 anos
Por Geovan Benjoino - Especial para o EXTRA 16/10/2021 - 09:23

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Geovan Benjoino
Cemitério São Gonçalo é o unico público da cidade
Cemitério São Gonçalo é o unico público da cidade

Palmeira dos Índios vive uma situação extremamente preocupante. O único cemitério público da cidade – o São Gonçalo – não tem mais espaço físico para enterrar os mortos. Ultimamente, quando não são observados atentamente pelos familiares, os corpos são enterrados sobre os outros num total desrespeito à dignidade dos mortos.

O amontoado de corpos tem provocado revolta e indignação nos familiares que, confundido, não conseguem identificar os restos mortais dos entes queridos.

O problema começou há 91 anos, quando em 1930, através do seu segundo relatório, o então prefeito Graciliano Ramos percebeu a necessidade de Palmeira dos Índios ter um novo cemitério para atender a demanda da época. No entanto, diante de outras necessidades e da falta de recursos financeiros, Graciliano Ramos não executou a obra, conforme ressaltou no relatório.

O clima é de revolta, indignação e frustação. A dona de casa Rosibélia Ramiro Santos, que tem vários familiares enterrados no São Gonçalo, defende a construção imediata de outro cemitério público em Palmeira dos Índios.

“As famílias pobres de Palmeira dos Índios não têm mais lugar para enterrar com decência e respeito os entes queridos. O único cemitério público está entupido. Não cabe mais defunto. Isso dói muito e fere o último direito do ser humano”, enfatizou Rosibélia Ramiro.

Ampliações

Na década de 1970 o prefeito Minervo Pimentel ampliou o São Gonçalo anexando uma área que foi por ele denominada de Cemitério Santo Amaro. Na verdade, é o mesmo cemitério, pois o Santo Amaro é uma extensão do São Gonçalo.

Na década de 2000 o prefeito Albérico Cordeiro anexou outra área. Dessa feita, do lado esquerdo do cemitério do São Gonçalo. As duas ampliações não foram suficientes para atender à quantidade de corpos que chegam ao São Gonçalo.

Ameaça à saúde pública

Ladeado por residências e lojas comerciais numa violação às resoluções do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) e constituindo uma ameaça permanente à saúde pública de Palmeira dos Índios, o Cemitério São Gonçalo pode a qualquer momento contaminar o lençol freático local, da rede de água para consumo humano, além de cacimbas e poços artesianos.

O necrochorume – um líquido viscoso formado por vírus e bactérias – pode provocar danos irreparáveis à saúde da coletividade de Palmeira dos Índios, principalmente dos moradores vizinhos ao Cemitério São Gonçalo. Até o momento nenhum órgão especializado realizou estudo de impacto ambiental provocado pelo Cemitério São Gonçalo.

Direito sagrado assegurado pela legislação brasileira – o de ser enterrado com dignidade – em Palmeira dos Índios pertence apenas às famílias abastadas, que realizam enterro num cemitério particular, uma espécie de condomínio fechado.

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