EFEITO BRASKEM

Novas fissuras surgem no Cepa e futuro do complexo vira incógnita

Por Bruno Fernandes 08/11/2020 - 06:55
Atualização: 08/11/2020 - 07:02

ACESSIBILIDADE

SEDUC
Cepa está inserido na área de risco para desastre ambiental e novas fissuras aparecem nas escolas
Cepa está inserido na área de risco para desastre ambiental e novas fissuras aparecem nas escolas

Mais de metade das escolas localizadas no Centro Educacional de Pesquisa Aplicada (Cepa), no bairro do Farol, em Maceió, passou a apresentar neste ano rachaduras em decorrência do fenômeno de afundamento do solo que ocorre em algumas regiões localizadas nos bairros do Pinheiro, Mutange, Bebedouro e Bom Parto causado pela Braskem, como aponta estudo do Serviço Geológico do Brasil.

Construído há 60 anos, em 1958, o local é responsável pela formação de pelo menos quatro gerações de alagoanos e é considerado um dos maiores complexos educacionais da América Latina. Atualmente o local abriga 11 escolas estaduais com capacidade total para 7.827 alunos. Porém, apenas 9 unidades continuam ativas oferecendo ensino integral para 1º e 6º anos do fundamental e 1ª série do ensino médio.

A constatação das rachaduras foi divulgada em um mapa elaborado pelo engenheiro civil e especialista em geotecnia Abel Galindo. O estudo feito in loco pelo especialista foi realizado durante as duas últimas semanas de outubro e divulgado na primeira semana de novembro. O estudo reforça o que havia sido previsto por especialistas da Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais (CPRM): a expansão, mesmo que mínima, da instabilidade do solo.

Em fevereiro de 2019, duas escolas que ficam no fundo do Cepa haviam começado a apresentar rachaduras. É necessário ressaltar que parte do Cepa está localizada na área classificada de risco do Pinheiro, primeiro bairro onde surgiram buracos e rachaduras em ruas e imóveis. Apesar do aparecimento, até então, não haviam evidências de que as rachaduras possuíam relação com o fenômeno de subsidência do bairro e a decisão em realocar as escolas José Correia Titara e Vitorino da Rocha foi tomada apenas em janeiro deste ano.

De acordo com o especialista, o mapa foi elaborado através de visitas onde foram utilizados critérios geológicos aplicados nas fissuras e se observando padrões que estão atingindo não apenas uma estrutura isolada, mas várias na mesma região. “A região da parte de trás do Cepa já está inclusa no Mapa de Feições da Defesa Civil, inclusive algumas escolas já foram evacuadas”. Questionado sobre a possibilidade do Complexo ser completamente evacuado, Abel explica que o começo do local, próximo à Avenida Fernandes Lima está em observação, não só por ele, mas também por outros especialistas e que já é possível observar fissuras que seguem o mesmo padrão.

“O Cepa não está todo incluído no mapa de feições da Defesa Civil Municipal que é criado através de dados do Serviço Geológico do Brasil, mas essa parte da frente ainda está em estudo, inclusive tem indícios de fissuras na região”.


PROPAGAÇÃO DE FAKE NEWS



Sobre a possibilidade dos quatro bairros começarem afundar por completo a partir do ano de 2021, como está sendo divulgado através de grupos de Whatsapp, o professor afirma que, ao contrário do que é contado “apenas a parte baixa do bairro do Mutange, próximo ao Instituto do Meio Ambiente e a região próxima ao Colégio Bom Conselho, aos poucos vai afundar pelos próximos cinco ou quatro anos devido à natureza do solo do local”. As outras regiões, no entanto, ainda estão em observação sobre a velocidade com que o fenômeno de subsidência está acontecendo.

O EXTRA entrou em contato com a Defesa Civil Municipal e questionou se a superintendência está ciente do surgimento dessas novas fissuras e se alguma providência será tomada, como a expansão do Mapa de Feições. Segundo a assessoria de comunicação do setor, o trabalho de monitoramento da região é realizado com a Defesa Civil Nacional, apoio técnico do Serviço Geológico do Brasil e com a consultoria das Universidades Federais de Pernambuco, do Rio Grande do Norte e da Bahia, que analisam dados e orientam na tomada de decisões para salvaguardar a população.

‘A Defesa Civil informa que qualquer possível ampliação da área afetada pela instabilidade de solo é avaliada com base em dados de monitoramento que evidenciem evolução do processo de subsidência e inserida em atualizações do Mapa de Setorização de Danos - que é o documento formulado pelos órgãos oficiais de acompanhamento do problema e para orientação dos órgãos de controle na defesa dos interesses da coletividade”, destacou em nota. E completou: “sobre supostos estudos paralelos aos realizados por pesquisadores que integram os órgãos oficiais de acompanhamento do problema, a Defesa Civil informa não ter recebido nenhum documento”.


Encontrou algum erro? Entre em contato