MINAS DE SAL-GEMA

Lagoa Mundaú corre risco iminente de afundamento do solo

Por Tâmara Albuquerque com assessoria 22/10/2020 - 10:31
Atualização: 22/10/2020 - 11:03

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Assessoria Defesa Civil
Segurança aquaviária na Lagoa Mundaú é discutida em reunião sobre fenômeno geológico no solo
Segurança aquaviária na Lagoa Mundaú é discutida em reunião sobre fenômeno geológico no solo

A sociedade é surpreendida a cada semana com novas informações sobre os efeitos da mineração da Braskem que provocou instabilidade de solo em bairros de Maceió. As informações dos órgãos envolvidos na defesa das vítimas do fenômeno são divulgadas em doses homeopáticas, o que levanta questionamentos sobre a transparência do poder público acerca do problema geológico. Ontem, representantes da Defesa Civil de Maceió e da Capitania dos Portos de Alagoas discutiram a segurança aquaviária na Lagoa Mundaú devido à instabilidade de solo que afeta a região, em decorrência da desestabilização das minas de exploração de sal-gema.

A adoção de medidas para garantir a segurança dos que navegam na área afetada pelo problema geológico foi anunciada como necessária pela Defesa civil de Maceió, uma vez que o problema persiste e está em evolução, além de "que dados de monitoramento e estudos apresentados pela empresa Braskem trazem um panorama futuro de possível colapso de mina caso nenhuma medida para estabilização do solo seja adotada", segundo anúncio da própria Defesa Civil. 

Relatórios emitidos por órgãos que prestam consultoria a própria Braskem e os dados de monitoramento realizados pelos órgãos públicos na região afetada, já alertaram que há risco iminente de dolinamento em algumas cavidades. Esse aspecto, no entanto, nunca chegou a ser alvo de discussões, apesar das evidências nos documentos. Dolinas são consideradas depressões fechadas, circulares ou crateras, associadas a rebaixamento topográfico por várias causas geológicas.

“A preocupação existe pelo fato de estarmos trabalhando com o risco de dolinamento, que é o risco de ascensão da cavidade à superfície. Uma vez que esta cavidade chegue a superfície dentro da Lagoa, a gente tem que trabalhar com zonas que limitem o tráfego dentro da Lagoa, seja canoeiro ou qualquer outro tipo de embarcação. Da mesma forma que a gente trabalhou aqui na Defesa Civil a interdição de via e realocação de moradores que estão dentro desta zona de dolinamento – que é uma área de três ou cinco vezes o tamanho da cavidade – na parte do continente, é preciso ocorrer também dentro da Lagoa”, esclareceu o geólogo Antonioni Guerrera, que participou da reunião.

De acordo com o coordenador da Defesa Civil, Dinário Lemos, a intenção da reunião foi repassar para o órgão responsável pela segurança na navegação em Alagoas, no caso a Capitania dos Portos, informações sobre o problema geológico que afeta os bairros do Pinheiro, Mutange, Bebedouro e Bom Parto.

O alerta, agora, é para o fato de que o fenômeno geológico afeta diretamente a Lagoa Mundaú, já "que parte das minas de exploração de sal-gema se encontram dentro da laguna".

Dinário Lemos afirmou que até que a Braskem solucione o problema de fechamento das cavernas, o que não tem definição se acontecerá, a preocupação "é que sejam tomadas todas as medidas para salvaguardar a vida da população". Outro objetivo da reunião foi "apresentar a sala de monitoramento da Defesa Civil e os relatórios emitidos pela empresa contratada da Braskem, para que a Capitania possa adotar medidas de segurança na área da lagoa, a exemplo de uma área de resguardo também na lagoa”, explicou Lemos.

Para o capitão dos Portos de Alagoas, Wendell Petrocelli, a integração entre os órgãos é fundamental para que os riscos sejam mitigados. “É importante que mesmo atuando separadamente cada órgão tenha conhecimento sobre todo o trabalho. Todo risco que venha a se apresentar só poderá ser mitigado a partir dessa integração. Nós estamos preocupados e trabalhando diariamente para que qualquer risco à população seja evitado. A partir do momento que a área for delimitada em comum acordo entre todas as partes, nós iremos fazer nosso papel de monitoramento e todos que integram essa região serão informados”, ressaltou.


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