OPERAÇÃO COMBUSTÃO

Empresas de Maceió ligadas a lobista Milton Lyra são alvos da PF

Orcrim recebeu mais de R$ 87 milhões em prejuízo do Postalis
Por Bruno Fernandes com agências 19/10/2020 - 16:14
Atualização: 19/10/2020 - 18:00

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Operação Combustão mira lobista Milton Lyra
Operação Combustão mira lobista Milton Lyra

Empresas maceioenses foram alvos de uma operação da Polícia Federal após investigações revelarem uma 'ampla rede de vínculos' mantida pelo empresário Mílton Lyra para a pratica de crimes contra o Sistema Financeiro Nacional e tráfico de influência.

De acordo com informações da Procuradoria da República no Distrito Federal, as buscas aconteceram na última quinta-feira, 15, e resultou em uma ofensiva que além de Maceió, também envolveu empresas em São Paulo, Brasília e Recife contra empresas utilizadas pelo lobista para lavagem de dinheiro e ocultação de provas

Batizada de 'Combustão', a operação apreendeu laptops, celulares, cartões de memória, documentos e até obras de arte com o objetivo de reunir provas sobre o suposto desvio de mais de R$ 87 milhões do Postalis.

Segundo o Ministério Público Federal, a operação tem como base informações que revelaram a prática reiterada de abertura e encerramento de empresas ligadas a Mílton. Alvo de outras investigações da Procuradoria, Lyra é apontado como líder de organização criminosa e como suposto operador do MDB. A força-tarefa chegou inclusive a pedir sua prisão na Combustão, mas a Justiça negou.

"O objetivo era ocultar e dissimular a natureza, localização e movimentação de valores ilegais recebidos pelos envolvidos. Os recursos eram movimentados de sua origem ilícita, remetidos para o exterior - utilizando para isso a Fênix, que possui off shore na Flórida - e posteriormente enviados aos beneficiários finais", diz a força-tarefa da Postalis.

Segundo a Procuradoria, as investigações revelaram que Mílton Lyra construiu, ao longo dos anos, 'ampla rede de vínculos, diretos e indiretos, com pessoas jurídicas, funcionários, sócios e outros parceiros, a fim de obter vantagens por meio de crimes como aqueles contra o Sistema Financeiro Nacional e tráfico de influência'. Os procuradores também apontam que a organização criminosa atua influenciando em decisões de agentes públicos.

A Procuradoria descobriu que o empresário, apesar de ser alvo de medidas restritivas que foram impostas em outros processos, 'criou novos meios para a continuidade dos crimes, a partir do mecanismo de uso de várias pessoas jurídicas, ligadas a diferentes pessoas físicas', além de ter passado a utilizar supostamente um storage para guardar documentos que desejava ocultar das autoridades policiais.

Soltura de Milton Lyra

Em 15 maio de 2018, o ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), mandou soltar o empresário Milton Lyra, apontado como operador do MDB. Ele estava em prisão preventiva desde abril do mesmo ano, em razão da Operação Rizoma. Lyra entrou com pedido de liberdade no Supremo em 8 de maio, após o Superior Tribunal de Justiça (STJ) manter o empresário na prisão.

Lyra é apontado pela Polícia Federal como lobista do MDB em um bilionário esquema de fraudes com recursos de fundos de pensão Postalis, dos Correios, e no Serpros.

Na decisão, em troca da prisão preventiva, Gilmar decretou que Lyra ficasse proibido de manter contato com os demais investigados, e também proibido de deixar o País sem autorização da Justiça, devendo entregar seu passaporte.

"Os supostos crimes são graves, não apenas em abstrato, mas em concreto, tendo em vista as circunstâncias de sua execução. Muito embora graves, esses fatos são consideravelmente distantes no tempo da decretação da prisão. Teriam acontecido entre 2011 e 2016", afirma Gilmar na decisão.

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