Painel Conass

Alagoas registra 44% de excesso de mortes naturais durante a pandemia

Por Tâmara Albuquerque/Agroeconomia 09/09/2020 - 07:58

ACESSIBILIDADE

Agência Brasil
Previsão de óbitos para o estado, de março a agosto, era de 5.555 casos. Foram registradas 8.015 mortes no período
Previsão de óbitos para o estado, de março a agosto, era de 5.555 casos. Foram registradas 8.015 mortes no período

Acompanhar os indicadores de morte de uma região ou país é uma estratégia recomendada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) para que sejam avaliados efeitos diretos e indiretos de qualquer fator que esteja ceifando vidas, como ocorre neste momento de pandemia da covid-19. Mas, para isso acontecer é preciso haver uma projeção de quantas mortes são esperadas durante um período específico e de quanto é o excesso do número de óbitos.

Para projetar o chamado excesso de mortalidade em 2020 no Brasil, o Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) lançou o Painel Conass Covid-19, com estimativas baseadas no Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM- Ministério da Saúde) entre 2015 e 2019. O excesso de óbitos foi calculado no nível de estados, sexo e faixa etária através da diferença entre os óbitos esperados e os observados entre as semanas epidemiológicas – a partir da 12ª, quando ocorreu a primeira morte por covid-19 no país, em meados de março.

Em Alagoas eram esperadas até o dia 19 de agosto, 5.555 óbitos por causas naturais, ou seja, sem incluir mortes por causas externas, como provocados por acidentes ou violência. Entretanto, foi registrado um excesso de 2.460 mortes no estado, correspondente a 44% da mortalidade total no período. Em comparação aos outros estados do Nordeste, Alagoas registra a 3ª maior taxa de excesso de mortalidade proporcional. No Maranhão essa taxa é de 67%; Ceará (60%); Pernambuco (41%); Bahia (27%); Sergipe e Rio Grande do Norte (20%); Paraíba (13%) e Piauí (6%).

O Conass explica que a infecção pelo novo coronavírus não é necessariamente a causa direta do excesso de mortalidade. O número de óbitos superior ao que era esperado para o período pode também ser reflexo indireto da epidemia. Como exemplos, o Conselho cita as mortes provocadas pela sobrecarga nos serviços de saúde, pela interrupção de tratamento de doenças crônicas ou pela resistência de pacientes em buscar assistência à saúde, pelo medo de se infectar pelo vírus.

Os dados revelados pelo painel indicam que o impacto da Covid-19 no país vai muito além dos já trágicos indicadores de mortes confirmadas pela doença, segundo o Conass. A estimativa mostra que a partir da confirmação da primeira morte por covid-19 no Brasil, em meados de março, até 20 de junho, pelo menos 74 mil óbitos a mais do que o esperado foram registrados nos cartórios brasileiros. “A maioria evitáveis, especialmente se houvesse o fortalecimento da Atenção Primária desde o início da epidemia”, afirmou o presidente do Conass, Carlos Lula.

Conforme a análise do Conass, Amazonas (95%), Roraima (76%), Maranhão (67%) e Ceará (61%) tiveram os maiores índices proporcionais de excesso de óbitos. O Brasil registra cerca de 1.300.070 mortes por ano, incluindo todas as causas, como homicídios, acidentes, segundo a organização global de saúde pública Vital Strategies.


Encontrou algum erro? Entre em contato