EDITORIAL

É preciso repensar o modelo de saúde

Por Redação 08/04/2020 - 10:36

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O atendimento à saúde no Brasil está dividido
O atendimento à saúde no Brasil está dividido

O atendimento à saúde no Brasil está dividido entre os que podem ser extorquidos pelos planos de saúde e suas mensalidades calamitosas que só servem para encobrir suas deficiências técnicas escondidas sob a falsa aura da “prestação de serviços de saúde de qualidade à comunidade” e a sua incompetente gestão de custos.

Ou os que são vítimas da corrupção dos hospitais privados e suas “faturas” mais falsas que nota de 3 três reais (todos são enganados, ninguém escapa, mas o SUS é líder disparado das falcatruas contra ele) por serviços prestados de baixíssima qualidade, que nos faz, por exemplo, um dos “campeões mundiais” de erros médicos, escamoteados dos clientes e das autoridades. E o que dizer dos valores cobrados a peso de diamante pelos, em geral, péssimos serviços prestados? 

Os explorados pelos planos e os clientes privados representam pouco mais de 28% da população.
A terceira categoria, a imensa maioria da população – quase 72% – fica abandonada à própria sorte, ou seja, na dependência do SUS e sua infraestrutura pública sucateada, com recursos desviados por Estados e Prefeituras, assaltado por inumeráveis quadrilhas organizadas de Norte a Sul do País e, sem gestão qualificada. Sugado pela corrupção, sobram-lhe recursos para ele atender tão somente a 1/3 de sua demanda. Essa é a realidade nua e crua. 

Agora, em plena crise do Coronavírus, a população está descobrindo que, sem ele, não tem como contar com seus planos milionários ou “atendimento particular” para combater a epidemia, por mais que estes se “esforcem” em vender o contrário. 

Ótima ocasião para, após a crise, desmontar as sinecuras e igrejinhas existentes ao longo de toda a cadeia de atendimento à saúde pública, desde os profissionais da saúde de todos os níveis, passando por suas entidades médicas representativas até alcançar o topo da cadeia, o Ministério da Saúde. Em todos esses níveis campeia brutal jogo de interesses de laboratórios e demais fornecedores de insumos que – quase sempre – beira ou é corrupção mesmo em detrimento único das pessoas, vítimas indefesas destas aberrações. 

É hora também de se dar um basta no discurso ladino de que a saída para a saúde é pelos serviços privados. Não é. Nunca foi. E esta crise é a maior prova disso. Se vão acontecer milhares de mortes por falta de atendimento, é justamente por esse equívoco. Que precisa ser consertado. O SUS precisa ser rastreado para varrer a corrupção que grassa em todos os seus níveis internos, nos Estados e nos municípios. 

Apenas para se comparar: Dinamarca, Holanda, Inglaterra, por exemplo, investem praticamente a mesma coisa que o Brasil (em percentual do PIB) e estão entre os melhores serviços públicos do mundo. Fica claro onde está o problema: na corrupção generalizada do sistema e na quase zero prioridade efetiva do governo em querer resolver a questão. 

E aqui não cabe a surrada dicotomia direita e esquerda. Não se trada disso. Saúde e educação são, e devem ser sempre, a prioridade número 1 de qualquer governo de qualquer país.


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