EDITORIAL

Dúvidas relevantes

Por Redação 06/04/2020 - 08:23
Atualização: 06/04/2020 - 08:28

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Até o momento, ninguém descobriu alguma alternativa paliativa à vacina contra a Covid-19
Até o momento, ninguém descobriu alguma alternativa paliativa à vacina contra a Covid-19

O fato objetivo desta pandemia é que ninguém até o momento descobriu alguma alternativa paliativa à vacina para combater a Covid-19. E nesse meio termo o padrão é o aparecimento de “soluções milagrosas”, como a do presidente da República e sua fixação num remédio, a cloroquina (o fabricante deve estar altamente agradecido), sem qualquer comprovação de sua eficácia contra o vírus.

No final desta semana, foi a vez de a OMS “indicar” quatro possibilidades de medicação – todas remédios já no mercado e indicados para outras doenças – que “poderiam” vir a fazer efeito parcial no combate ao vírus após a realização de “estudos” de curto prazo. A pergunta é: por que só estas quatro possibilidades comerciais quando se sabe de várias outras, todas experimentações como as indicadas sem qualquer garantia de ser a solução? Quais são os interesses por trás dessas indicações? 

A OMS, como outras agências multinacionais (ONU, OIT, etc.), tem em seus currículos escândalos nada condizentes com a aura de respeitabilidade que tentam vender para o mundo. Estaríamos novamente às vésperas de outro episódio similar como a suspeita de colusão daquele organismo com a indústria farmacêutica no caso da gripe H1N1, quando foi acusado de “laços incestuosos” com os grandes laboratórios multinacionais? 

O estranho é que uma das opções que poderiam estar inclusas no “estudo” da OMS, a testagem de pessoas curadas da infecção por Coronavírus, que teoricamente estariam imunes à doença para verificar se há ausência de “efusão viral e sinais de imunidade persistente no sangue”, segundo o médico, pesquisador e autor científico Siddhartha Mukherjee e aplicar o tratamento de casos graves da Covid-19 com o plasma dos pacientes infectados e já curados. 

Testar a presença de imunidade no sangue permitirá ter, quando não garantia, ao menos certa tranquilidade. No caso dos profissionais de saúde, será necessário naturalmente um cuidado especial. Mukherjee afirma que, a não ser que haja queda na imunidade, eles podem cuidar dos pacientes sem ficar doentes. Muito mais barato, simples de testar e passando ao largo dos mega laboratórios e suas enormes capacidades de lobby e pressão.

Um dos mistérios ora investigados pelos cientistas é a grande variedade de quadros clínicos apresentados pelos infectados. Uma das suspeitas, relatada em artigo na revista médica The Lancet, é que a carga viral a que são expostos no momento da infecção tenha relação com isso. Uma quantidade alta, segundo essa teoria, sobrecarregaria o sistema imune e levaria ao quadro grave. A ajuda de anticorpos extraídos dos corona positivos poderia virar tal batalha em favor da vida.

Mas (sempre tem um mas) no caso do Brasil, seria necessário que o governo começasse já a aplicação em massa de testes na população e mais, estabelecer um controle dos identificados como positivos, mas com imunidade assegurada. 

Seriam eles os primeiros a serem liberados da quarentena ou recolhimento social para a retomada gradual das atividades econômicas no País e, para ajudar no combate ao vírus com a doação de plasma para os mais graves. 

O problema é que o governo brasileiro, dividido em dois times e desaparelhado tecnicamente para realizar o trabalho de identificação dos corona positivos imunes, vai perder, de novo, o bonde da oportunidade de fazer o certo no momento certo.


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