EDITORIAL

E aqui?

Por Redação 02/04/2020 - 09:20
Atualização: 02/04/2020 - 09:25

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Bolsonaro e Mandetta: presidente e ministro da Saúde
Bolsonaro e Mandetta: presidente e ministro da Saúde

O já sabidamente conhecido ciúme do presidente da República em relação a qualquer ministro que se sobressaia em seu governo agora recai sobre o ministro da Saúde, Luiz Mandetta – em pleno pré-pico da epidemia do Coronavírus no País - que vem tendo papel elogiável na condução da gestão da epidemia, e levou à transferência das entrevistas coletivas de prestação de contas de final do dia do prédio do Ministério da Saúde para o Palácio do Planalto. Onde ganhou o “auxílio luxuoso” de ministros-assistentes que lá vão só para fazer presença.

No encontro da última terça-feira, o ministro anunciou (com certo atraso) a compra na China de 300 milhões de EPIs, materiais de suporte e segurança para os profissionais da saúde que estão na linha de frente do combate ao vírus nas unidades hospitalares. Uma medida imperativa e de alta relevância para a proteção dos heróis que enfrentam, como podem, o insidioso vírus que, da China, se espraiou mundo afora.

Acontece que na quarta-feira-feira, o mesmo Mandetta teve que comunicar que a compra havia sido sustada pelos chineses: os Estados Unidos entraram na parada e estão fazendo um “limpa” no mercado mundial, comprando tudo em termos de produtos e equipamentos para seu sistema de saúde. Pego de “calças curtas” pela imprevidência do presidente Trump que até uma semana atrás desdenhava do potencial destrutivo da epidemia. Lembra alguém?

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Estamos nos aproximando do pico da epidemia e começam a pipocar País afora o que todos sabem: o SUS não tem como dar conta da demanda que vai acontecer nos próximos 30 a 45 dias. Pela simples razão de não ter pessoal suficiente e habilitado ao tipo de trabalho requerido pelos doentes abatidos pelo Coronavírus.

Não se pode deixar de registrar que todo o sistema de saúde pública brasileiro vem operando em tempos normais muito vezes acima da sua capacidade de atendimento, e ,ainda assim, com enormes dificuldades, já que falta praticamente de tudo, em termos de medicações, equipamentos e EPIs, de que tanto fala o ministro Mandetta.

Aliás, em sua fala – diplomática - de quarta à tarde, ele quase implora para que as pessoas tomem ainda mais consciência no que diz respeito aos cuidados preventivos, pois ele sabe (mas, como autoridade não vai explicitar) a situação de esqualidez absoluta do SUS e o que isso irá representar no pico da doença.

Nos Estados Unidos, a maior potência do mundo, o prefeito da cidade de New York, a meca do mercado mundial de consumo e financeiro, acaba de informar que o sistema de saúde local não vai dar conta de atender a população, dado o grande número de infectados. Pessoas vão morrer à míngua na principal cidade do mundo.

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