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Morre o escritor alagoano Dirceu Lindoso aos 87 anos

Por Assessoria Ufal 15/10/2019 - 10:56
Atualização: 15/10/2019 - 11:03

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Dirceu homenageado na Bienal do Livro, em 2017
Dirceu homenageado na Bienal do Livro, em 2017

Foi em pleno Dia do Professor, comemorado, hoje, na data do dia 15 de outubro, que o escritor e intelectual alagoano Dirceu Lindoso resolveu se despedir do mundo físico. Ele estava internado por conta de um aneurisma na UTI do Hospital Geral do Estado (HGE). Era conhecido por ser um homem das palavras, um estudioso do povo, um amante das Alagoas, um educador de várias gerações. 

Dirceu Lindoso recebeu o título de Doutores Honoris Causa da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), em 2011, durante as comemorações dos 50 anos da Universidade. Na ocasião, a reitora Ana Dayse Dorea fez uma reparação histórica pelos duros anos de cárcere que o intelectual sofreu por sua militância comunista. “Em nome do Estado Brasileiro, peço desculpas pelas atrocidades que a Ditadura Militar cometeu contra sua integridade física. Atrocidades e privações que em nada comprometeram sua integridade moral. Por isso o senhor é ainda maior”, destacou a reitora Ana Dayse na época.

Em 2017, coube a atual reitora da Ufal, professora Valéria Correia, homenagear Dirceu Lindoso durante a Bienal Internacional do Livro de Alagoas. Ao entregar a homenagem a reitora destacou a importância intelectual e a trajetória digna de reconhecimento social, do alagoano Dirceu Lindoso. “Só tenho a agradecer pela sua presença e existência, Dirceu”, enfatizou a reitora Valéria Correia, durante a cerimônia realizado no Seminário História, Debate Cultural e Teoria Social, que fez parte da programação da Bienal.

Na ocasião, Dirceu Lindoso fez um agradecimento especial ao Instituto de Ciências Sociais pela homenagem recebida, falando rapidamente sobre o tempo de estudante na Faculdade de Direito de Alagoas, onde concluiu em 1958, o bacharelado em Ciências Jurídicas e Sociais. Uma das seis faculdades que originaram a Universidade Federal de Alagoas, em 25 de janeiro de 1961. “Eu hoje estou de pé aqui diante de vocês todos, meus amigos, eu que vi, quando estudava na velha Faculdade de Direito, esta Universidade surgir, pequenina, mas resoluta, e com um desejo enorme de crescer. Conheço seus primeiros passos e dificuldades. Vi seus alicerces serem construídos a partir de um chão de matas”, frisou Dirceu em 2017.

Na homenagem, os professores do Instituto de Ciências Sociais destacaram obras de Dirceu Lindoso como a formação de Alagoas boreal, a utopia armada: rebeliões de pobres nas matas do Tombo Real, entre tantas outras, que são fonte inspiradora para autores, professores e pesquisadores. “A história do nosso estado obscurece o papel que tiveram os grupos minoritários, como os negros e índios. Dirceu redefiniu aspectos sobre a interpretação de Alagoas e reintroduziu essas pessoas na história”, afirmou Bruno Cavalcanti, professor do Instituto de Ciências Sociais da Ufal, na ocasião.

Em respeito ao grande intelectual alagoano e diante da consternação da comunidade universitária, a reitora Valéria Correia decretou luto de três dias pela memória de Dirceu Lindoso. “Alagoas e o Brasil perdem um grande intelectual que desenvolveu seus estudos lançando luz sobre os homens e as mulheres do povo. É a Historiografia dos vistos de baixo”, destacou a reitora.


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