CASO PINHEIRO

Geólogo defende CPRM após acusação da Braskem

Por José Fernando Martins 21/06/2019 - 13:13
Atualização: 28/06/2019 - 18:39

ACESSIBILIDADE

Foto: Reprodução
Oswaldo Costa explica que participação da CPRM na região do Pinheiro ocorreu na fase de pesquisa
Oswaldo Costa explica que participação da CPRM na região do Pinheiro ocorreu na fase de pesquisa

Os estudos da Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais (CPRM), atual Serviço Geológico do Brasil, foram postos, nesta semana, em xeque após a petroquímica Braskem afirmar que a companhia teria perfurado 17 poços para a empresa do Grupo Odebrecht. 

A informação foi veiculada pelo semanário A Gazeta de Alagoas no último sábado, 15. Porém, o geólogo Oswaldo Costa explicou ao EXTRA que o argumento da petroquímica tende a ser mal-interpretado.

“Sobre a participação da CPRM, no caso da subsidência de terrenos nos bairros do Pinheiro, Mutange e Bebedouro, em Maceió, é importante que se descreva todo o procedimento necessário, para qualquer exploração de qualquer bem mineral, junto ao Departamento Nacional de Produção Mineral, atual ANM - Agência Nacional de Mineração, para que se chegue ao início da exploração. O procedimento pode ser dividido em duas etapas distintas: fase de pesquisa e fase de exploração do minério”, especificou. 

Segundo o geólogo, a fase de pesquisa é iniciada por meio de solicitação, a qual, entre outros itens, abrange o plano de pesquisa como o principal componente. “Após análise e aprovação, o interessado obtém o alvará de pesquisa e deverá apresentar o relatório final no prazo estipulado pela ANM. Esta é a fase de pesquisa”, destacou.

Aprovado o relatório final de pesquisa, inicia-se a fase de exploração. Apresentado o Plano de Lavra e o Plano de Aproveitamento Econômico, que sendo aprovados, permitem seja dado o início da extração do bem mineral. Ainda conforme Costa, a fase de pesquisa praticamente não causa qualquer impacto ambiental à área. Apenas, em certos casos, que pode exigir um ressarcimento ao proprietário dos terrenos pesquisados. Os equipamentos utilizados ocupam espaço restrito e são retirados da área. Os impactos ambientais, tais como ruídos, cessariam no final da pesquisa.

"No caso da subsidência de terrenos em Maceió, a participação da CPRM deu-se na fase de pesquisa, exatamente a que não causa impactos ambientais permanentes ao meio físico. Não houve retirada de material suficiente que pudesse permitir um impacto ambiental de proporções como agora vistas. A retirada do Salgema durante a fase de lavra, a exploração, esta sim, sem dúvida, causou a subsidência dos terrenos agora atingidos. Portanto, cabe à Braskem, que explorou o salgema, explicar os métodos utilizados e a quantidade de material retirado, e como foi ocupado o espaço antes pelo minério", reforçou.

ENTENDA

A CPRM é um órgão que prestava serviços para terceiros e, na década de 70 e, segundo noticiado na A Gazeta de Alagoas, perfurou ou teve envolvimento em 17 poços para extração do minério salgema, contratada pela Salgema Indústrias Químicas, empresa na época que foi detentora da exploração deste minério.

“Naturalmente, a Braskem, em seu contrato com a CPRM deve ter feito constar todas as especificações técnicas tais como diâmetro de perfuração, profundidade dos poços, tipos de tubos a serem utilizados, entre outros. A CPRM foi uma simples executora dos serviços. Ressalte-se que a antiga empresa Salgema, atual Braskem, é que iniciou a exploração do salgema desde aquela época até os dias atuais, quando surgiram os problemas que todos têm conhecimento”, defendeu o geólogo.

Para o Serviço Geológico do Brasil, os trabalhos de perfuração da CPRM sempre foram elogiados pela qualidade, tanto no Brasil como no exterior, já que perfurações para pesquisa mineral e exploração de água foram feitas aos milhares: “Juntamente com outros colegas engenheiros de perfuração da CPRM construímos milhares de poços com até 1800 m de profundidade e em todos eles jamais exploramos os bens encontrados: perfurados os poços íamos embora. E principalmente em poços para a Braskem onde sequer tínhamos acesso às perfilagens geofísicas, realizadas ao final de cada perfuração e que definiam os horizontes geológicos a serem explotados. Aliás a própria Braskem poderia, a bem da verdade, vir a público e didaticamente esclarecer as atribuições de cada um em cada poço perfurado”.


Encontrou algum erro? Entre em contato