PROFESSOR DA UFAL

Acusado de racismo diz que houve mal entendido durante explicação de teoria

Docente de direita afirma ser alvo de difamação de grupo de esquerda na universidade
Por Bruno Fernandes 15/06/2019 - 12:09
Atualização: 15/06/2019 - 14:22

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Foto: Divulgação
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O professor da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), acusado de injuria racial por alunos na última sexta-feira, 7, deu sua versão nessa sexta-feira, 14, ao EXTRA sobre o que, segundo ele teria acontecido durante a aula que culminou na denúncia.

Na última semana, alunos e entidades da Ufal  se mobilizam para pedir providencias a corregedoria da Universidade Federal de Alagoas a respeito de declarações proferidas em aula pelo professor Alexandre Toledo, do curso de Arquitetura e Urbanismo.

Segundo denúncia que veio a público na sexta-feira, 7, durante aula sobre o conhecimento científico, o professor alegou que por teoria que relaciona ocupação terrestre e capacidade intelectual o jovem negro só estaria na universidade graças a miscigenação.

Ao EXTRA, o professor explicou que as acusações não passam de um complô relacionado a sua posição política na universidade e que apenas estava explicando uma teoria descrita no livro "Os Exilados da Capela".

"Já tínhamos tido uma pequena discussão em aula sobre uma afirmação que o André da Silva teria feito sobre o candomblé. Falei que as escrituras das três principais religiões monoteístas (judaica, cristã e islâmica) eram fruto de revelação divina; enquanto o conhecimento científico era factual, baseado nos fatos e fenômenos. Foi aí que o estudante afirmou que o candomblé também era monoteísta. Como eu conheço muito superficialmente os cultos religiosos de matriz africana, preferi não opinar", explicou o professor.

Ainda segundo o docente, após a rápida discussão, foi passado um trabalho para a turma. "Passei um seminário para ser feito em grupo sobre os vários tipos de conhecimentos como: popular, cientifico, religioso e filosófico", explica o professor.

Toledo afirma que, durante a explicação do conhecimento religioso, foi dito por ele, com base na teoria apresentada no livro, que os povos localizados 30º acima da Linha do Equador teriam se desenvolvido melhor, pois, segundo o livro, seriam reencarnação de povos Capelinos. "Em nenhum momento falei a palavra miscigenação", diz Alexandre.

Ainda de acordo com Toledo, após a afirmação, foi questionado pelo aluno se os povos que se desenvolveram abaixo desse trecho do globo, que envolve parte da Africa, America do sul e Austrália seriam inferiores. "Eu apenas falei sobre o que a teoria dizia. Isso não quer dizer que penso isso", explicou. O questionamento e a falta do contexto para entender o assunto teria ocasionado o mal entendido.

"Eu sou um dos poucos professores assumidos de direita lá na Ufal e acabo virando alvo da esquerda. Quem fez essa nota foram estudantes do Centro Acadêmico vinculados ao Grupo Afronte. Eu sempre tive uma boa relação com André, estava até o ajudando pois estava com 12 faltas na minha disciplina", explicou.

Segundo o estudante, o professor teria dito que os povos tinham migrado para o norte e o sul, na África teriam ficado os de “menor capacidade intelectual e que a poderia estar equivocada. Afinal eu era um aluno inteligente e estava na universidade", relata o aluno.

"Compreendi que para ele, a minha capacidade intelectual seria mais avançada do que o comum para um negro por uma suposta composição branca existente nas minhas raízes familiares”, afirmou aluno utilizado como exemplo.

Na última semana, o Centro Acadêmico do curso divulgou uma nota de repúdio, endossada pelo Conselho da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo. O Diretório Acadêmico e a ANU – Associação de Negros e Negras da Ufal estão buscando as medidas cabíveis ao caso.


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