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Inadimplência de empresas chega a 8% junto à Sefaz em Alagoas

Por 26/10/2015 - 11:31

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Inadimplência de empresas chega a 8% junto à Sefaz em Alagoas

O momento não tem sido somente de dívida para o consumidor. Empresários estão sentindo o peso da recessão na economia e muitos já não conseguem mais honrar com seus compromissos financeiros e nem com o pagamento de encargos de tributos estaduais. De acordo com a Secretaria de Estado da Fazenda (Sefaz), as empresas com dívidas chegam a 8%.

A inadimplência das empresas alagoanas aumentou em 8% nos últimos meses diante do cenário de crise vivido em todo o país. Dados divulgados pelo Serasa Experian, no mês passado, revelaram que a inadimplência anual cresceu 16,1% em relação ao mesmo período do ano passado em todo o país.

Os cheques sem fundo foram os que mais pesaram sobre a queda do índice no mês, com recuo de 13,4%. As dívidas bancárias recuaram 2% e as cobranças de cartórios tiveram a mesma queda de 2%. As dívidas não bancárias - junto aos cartões de crédito, financeiras, lojas em geral e prestadoras de serviços como telefonia e fornecimento de energia elétrica, água, e outros - subiram 2,3%.

Esse crescimento tem sido apontado pelo tempo que em essas empresas estão endividadas: em média 30 dias.  Segundo o Serasa, do total de empresas inadimplentes, 46% estão no comércio; 44% no setor de serviços e 10% na indústria.

Para o economista e consultor de finanças empresariais, Guimário Amorim, a tendência é que o endividamento dessas empresas aumente no mesmo sentido do agravamento da crise financeira. Essa mesma perspectiva também é vista para o consumidor que a cada dia busca negociar suas dívidas e não fazer novas compras.

Amorim é enfático ao afirmar que esses números apresentados pelo Serasa estão atrelados diretamente ao momento de crise. "Na crise os clientes tendem a comprar menos, com isso diminuiu a demanda de vendas das empresas, e elas começam a sentir dificuldades para manter suas finanças", disse o economista.

Ele acrescenta que empresas com bom desempenho financeiro conseguem equilibrar suas finanças até um determinado momento, no entanto, com a queda das vendas esses comércios não conseguem manter o mesmo padrão e partem para os cortes dentro das empresas.

"Desse momento em diante começam as demissões, comprar menos de seus fornecedores e chega a um ponto onde não tem mais onde cortar e as empresas iniciam a inadimplência com os fornecedores, empréstimos tomados nos bancos e outros", afirmou Amorim.

"A tendência é que o quadro piore antes de melhorar. Isso tem a ver com o ambiente macroeconômico que o país vive. Por exemplo, essa semana a presidente está por definir por um déficit de R$ 50 ou R$ 70 bilhões no orçamento do governo. Na medida em que o próprio governo vai cortar o orçamento, isso afeta totalmente a economia. O governo é um grande comprador e as empresas sentem esse peso", acrescentou.

O presidente da Aliança Comercial de Maceió, Guido Júnior, coloca que a situação é difícil para empresas manterem suas contas em dia, diante da crise financeira que afeta cada dia mais o consumidor.

A greve dos bancários, que já dura mais de 15 dias, tem influenciado na diminuição de circulação de dinheiro e também no acesso de linha de crédito para as empresas. Guido Júnior afirma que as algumas empresas estão com dificuldades até para realizar saques e efetuar o pagamento de fornecedores.

“Boa parte dos afiliados da Aliança Comercial estão com dificuldades de caixa, mas isso nós vemos que em todos os setores e também em todo o país”, lamentou Guido Júnior.

Sefaz: medidas para enfrentar a crise financeira e combater a inadimplência

A Secretaria de Estado da Fazenda (Sefaz) adotou algumas medidas para enfrentar a crise financeira e também combater a inadimplência das empresas e, principalmente, a sonegação fiscal.

 Ao comentar dados contabilizados pelo órgão, o superintendente da Receita Estadual, Francisco Suruagy, afirma que a média histórica de devedores dos tributos estaduais com relação ao Imposto Sobre Circulação de Mercadorias (ICMS) tem permanecido em média 5% ao ano.

Esse índice sofreu uma alteração desde janeiro com a crise econômica. Até setembro deste ano, a inadimplência chegou a 8%. Segundo Suruagy, a Sefaz tem a responsabilidade de tributar em cima do Imposto Sobre Circulação de Mercadorias (ICMS), Imposto sobre Propriedade de Veículos Automotores (IPVA) ou Imposto sobre Transmissão, Causa Morte ou Doação (ITCMD).

Sobre o IPVA, a média histórica tem sido em torno de 12%, mas esse ano chegou a 18%. O superintendente atribui esse déficit ao momento financeiro e também as mudanças na forma de pagamento do imposto.  “No entanto, nós temos que analisar o que realmente se trata de inadimplência e de sonegação fiscal. Inadimplência é que a empresa que declara seu débito e declara também que não tem condições de pagar naquele momento. Sonegação fiscal ocorre quando as empresas querem burlar o imposto devido”, afirmou Suruagy.

Para combater a sonegação, a Sefaz tem realizado diversas ações de fiscalização com o intuito que as empresas regularizem a situação. De acordo com o superintendente da Receita Estadual, a primeira postura da Secretaria foi realizar uma orientação para esses contribuintes no início do ano, passando um prazo de seis para regularização.

“Isso ocorreu porque a Sefaz passou muito tempo afastado dessas empresas. Nós fizemos uma primeira visita a 3.300 contribuintes, depois voltamos de uma forma mais atuante e agora estamos monitorando essa regularização”, comentou.

O aperto da Sefaz também tem mirado nas empresas que possuem algum tipo de benefício fiscal. “Quem estivesse na dívida ativa e possuir alguma benefício fiscal, foram abertos processos de perda desses benefícios”, completou Suruagy, acrescentando que várias empresas perderam o benefício.

O economista fala de uma perspectiva de melhora no início de 2017, isso em uma estimativa mais conversadora. Ao analisar a situação da inadimplência somente no Estado, Amorim coloca que a situação pode estar no mesmo equilíbrio se comparado aos outros estados, no entanto, analisa que Alagoas pode sofrer ainda mais por depender dos pequenos negócios, que estão fechando.

Fonte: Cada Minuto 


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