ASSASSINATO

Soldado denunciado por agressão até a morte é afastado das ruas

Por 21/10/2015 - 10:39

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Soldado denunciado por agressão até a morte é afastado das ruas

Pelo menos até o fim da investigação, o comando do Batalhão de Polícia de Eventos (BPE) decidiu afastar das ruas o soldado Alexandre Luiz Cavalcante Ramalho Júnior, de 34 anos, que estava no momento em que o padeiro Tiago dos Santos, 28 anos, foi espancado até a morte em uma das ruas do Conjunto José da Silva Peixoto, no bairro do Jacintinho, na última sexta-feira. A família da vítima acusa todos os integrantes da guarnição do crime, mas especifica o soldado como autor das agressões.

Ontem, a versão dos parentes foi apresentada ao Ministério Público Estadual (MPE). A Polícia Civil e a Corregedoria da Polícia Militar iniciaram a apuração do episódio.

Ao promotor Flávio Gomes da Costa, do Núcleo de Controle Externo da Atividade Policial, os parentes de Tiago reafirmaram que as agressões foram iniciadas pelo soldado Ramalho, que se revoltou com uma frase dita pela vítima de que não devia nada a esses cachorros, referindo-se e apontando em direção aos integrantes da viatura. O depoimento foi dado principalmente por Marinaldo dos Santos, irmão de Tiago.

“O depoente disse que alertou o irmão para evitar se alterar mais com a esposa devido à presença da polícia. Tiago teria soltado a frase e provocado a ira dos militares”, explicou Flávio Costa.

O promotor disse que Marinaldo descreveu a conduta de todos os policiais do BPE e responsabilizou cada um pela morte do irmão. “O relato é que o soldado agrediu, enquanto outros dois policiais seguraram Marinaldo para evitar uma reação. Ele também disse que foi agredido com cassetete. O último PM permaneceu próximo da cena com a arma em posição de tiro”, detalhou.

Em entrevista à Gazeta de Alagoas, Marinaldo confirma que culpou a guarnição inteira pela série de agressões. Também cobrou justiça para o fato, com a devida punição aos quatro militares.

O termo de declaração referendado pelo MPE sobre esse fato vai ser encaminhado ao delegado Nivaldo Aleixo, responsável pelo inquérito instaurado para apurar as circunstâncias, e ao corregedor da PM, tenente-coronel Antônio dos Santos, para servir de parâmetro à sindicância.

O advogado Ricardo Mendonça alegou que o soldado Ramalho está bastante abalado com o episódio e prefere não falar com a imprensa no momento, mas deve comparecer, assim que intimado, à delegacia e à Corregedoria, para prestar os esclarecimentos. Ontem à tarde, os dois conversaram e definiram como atuará a defesa nesse caso.

O militar reafirmou que, em um primeiro momento, a vítima xingou os integrantes da guarnição de forma verbal e estava visivelmente embriagada. A atitude de Tiago teria incitado os PMs a dar-lhe voz de prisão. Houve reação e os policiais tentaram imobilizá-lo, instante em que o soldado e a vítima caíram e rolaram ao chão. Neste momento, a vítima ficou inconsciente e foi levada para o Hospital Geral do Estado (HGE), pelos próprios policiais.

“Detalhes mais precisos de como tudo aconteceu somente serão repassados à polícia. Por enquanto, o soldado não está em condições psicológicas para falar e prefere aguardar um pouco”, avisa o advogado. Ramalho ingressou na PM a partir do concurso realizado em 2012.

Fonte: GazetaWeb


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