CASOS DE FAMÍLIA

Filhos pedem a interdição do usineiro João Lyra

Por Redação 16/10/2015 - 00:56

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Filhos pedem a interdição do usineiro João Lyra

Está nas mãos Justiça o futuro do usineiro João Lyra. Os cinco filhos do empresário de 84 anos entraram no final de setembro com ação na Vara de Família de Maceió pedindo sua interdição sob a alegação de que ele vem dilapidando o patrimônio, inclusive mediante doações “extravagantes” que podem colocar em risco sua própria subsistência.

Maria de Lourdes Pereira de Lyra, Ricardo José Pereira de Lyra, Maria Thereza Pereira de Lyra Collor de Mello Halbreich, Guilherme José Pereira de Lyra e Maria Cristina de Lyra Uchoa Costa questionam, sobretudo, as atitudes de JL em relação à ex-mulher Carmosina Melo Pereira Leite Kotovicz, 40 anos mais jovem e com quem ele foi casado por quatro anos.

Na petição de 15 laudas, os filhos revelam que em 2013 JL fez uma doação de R$ 1,7 milhão a Carmosina quando já estavam separados. O casal viveu sob o regime de união estável no período de 17 de junho de 2008 e 2 de janeiro de 2013. Ela também foi beneficiada por outra decisão questionada pelos cinco: a posse das 14 salas do 13º andar do Norcon Empresarial que ele havia adquirido em 2009 e cujos direitos dois anos depois ele transferiu para a empresa Ancar-Administradora de Imóveis, de Condomínio e Gestão Pecuária Ltda, da qual a ex-companheira é acionista majoritária.

Há, ainda, queixas sobre a doação para Carmosina do apartamento nº 301 do Edifício Residencial Saint Moritz. Como era possuidor de lotes de terreno incorporados pela Contrato Construções e Avaliações Ltda. para construção do residencial, João Lyra teve direito a alguns apartamentos e indicou a ex-companheira como adquirente de uma das unidades.

A doação de quase R$ 200 mil a um então funcionário de baixo escalão da Laginha Agro Industrial, a holding das empresas do Grupo JL, também está no rol de “extravagâncias” apontadas pelos filhos. Com o dinheiro, Valdemir Soares de Souza, o funcionário, adquiriu um apartamento, relatam.

“Outro ato evidencia o comprometimento da capacidade de João Lyra de administrar seu patrimônio: no ano de 2013, o interditando deu em dação em pagamento seu imóvel residencial, que se tratava de bem de família e, portanto, impenhorável, à empresa Agrofield Centro Oeste Comércio de Produtos Agrícolas Ltda. para quitação de dívida contraída por empresas da qual ele é sócio”, afirmam em outro trecho da petição de interdição.

Descrito como de comportamento descomedido, JL, segundo os filhos, vem apresentando sinais de senilidade, perda de memória e repetição de falas além de, mesmo sendo portador de diabetes, se recusar há quase três anos a realizar exames. Sobre o temperamento do empresário, citam o episódio ocorrido no ano passado, no escritório da Massa Falida da Laginha (na antiga sede do Grupo JL), quando ele tentou intimidar o trabalho do administrador judicial e destratou todos os presentes tendo afirmado: “Este processo aqui vai virar criminal”. Tal conduta lhe valeu a proibição de entrar em qualquer estabelecimento da empresa falida e o pagamento de multa por ato atentatório ao exercício da jurisdição.

O pedido de interdição faz referência a outro episódio para provar o comportamento descomedido do empresário. Em 2012, ele determinou a dois funcionários de uma das usinas de Minas Gerais que bloqueassem a estrada de acesso a duas fazendas para impedir que a usina concorrente realizasse a colheita e o transporte da cana.

“O presente pedido inspira-se no amor devotado pelos filhos ao pai e visa proteger o requerido, de modo que se impõe, no caso em exame, a decretação da interdição parcial de João José Pereira de Lyra por prodigalidade e a imediata nomeação de curador provisório”, acrescentam os filhos, que indicam para curadora a ex-vice-prefeita de Maceió Lourdinha Lyra.

Esta é a segunda vez que os filhos de JL tentam sua interdição parcial, apenas no que se refere à administração de seu patrimônio. Na primeira não obtiveram êxito já que o empresário detinha o mandato de deputado federal.


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