COMISSÃO DA VERDADE

Ex-secretário de Alagoas está na lista de responsáveis por crimes da ditadura militar

Por 10/12/2014 - 19:06

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Ex-secretário de Alagoas está na lista de responsáveis por crimes da ditadura militar

Primeiro secretário a comandar a segurança pública em Alagoas na gestão Teotonio Vilela Filho (PSDB), o general de brigada Edson Sá Rocha (foto), 73, está na lista elaborada pela Comissão Nacional da Verdade com nomes de responsáveis por crimes cometidos em defesa da repressão política e da ditadura militar no Brasil. Nomeado para a Defesa Social em 2007 pelo governador, Sá Rocha é listado devido ao seu envolvimento em um caso emblemático que contraria qualquer compromisso com a segurança pública: o atentado a bomba no Riocentro, em 30 de abril de 1981.

A divulgação de 377 nomes de militares, policiais e ex-agentes públicos acusados de cometer crimes contra ativistas que lutavam pela democratização o Brasil marca os 50 anos do Golpe de 1964, que instituiu a Ditadura Militar no País. E faz parte do cumprimento da Lei 12.528/2011, que criou a Comissão Nacional da Verdade, com o objetivo de “examinar e esclarecer as graves violações de direitos humanos praticadas na Ditadura, a fim de efetivar o direito à memória e à verdade histórica e promover a reconciliação nacional”.

Sem o atributo democrático indispensável a quem se propôs a defender a população alagoana no governo tucano, o general Sá Rocha foi alvo de denúncia do Ministério Público Federal (MPF) em fevereiro deste ano de 2014, junto com mais cinco denunciados por envolvimento na explosão da bomba detonada no estacionamento do centro de convenções Riocentro, quando no seu interior estavam 20 mil pessoas em show comemorativo ao Dia do Trabalho, em 1981.

O atentado é um dos casos históricos de impunidade no País, e vitimou fatalmente o sargento Guilherme Pereira do Rosário, do serviço de repressão política do 1º Exército, cuja bomba explodiu em seu colo, dentro de um veículo. O crime aconteceu em um momento em que uma ala radical do Exército tentava deter o processo de abertura política durante o governo do presidente João Figueiredo (1979-1985).

HISTÓRICO CONTURBADO

O general reformado e ex-titular da Defesa Social de Alagoas era chefe do Destacamento de  Operações de Informações – Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-CODI) do I Exército em 1980 e no início de 1981. E segundo denúncia do MPF, atuou no núcleo de planejamento da suposta quadrilha.

A denúncia foi aceita pela Justiça Federal do Rio de Janeiro em maio deste ano, e o MPF pode obter a condenação de Sá Rocha a uma pena não inferior a 2 anos e 6 meses de prisão.

Na denúncia, também foi atribuída a Sá Rocha a defesa, um ano antes, de um plano de explosão de bombas em outra edição do show do Riocentro.

Em Alagoas, o general foi acusado de autorizar pagamentos em contratos irregulares com empresas fornecedoras de alimentos para o sistema prisional. O caso foi descoberto em 2012 pela Operação Espectro, do Ministério Público. Sá Rocha compareceu à sede da 17ª Vara Criminal da Capital e se disse inocente. Se cometeu crime, disse o militar, teria sido enganado por mentores da fraude. O processo ainda tramita.

Em 2008, Sá Rocha foi denunciado por improbidade administrativa pelo Ministério Público da Bahia, acusado de ter arquivado e obstruído a apuração de 435 processos referentes a 167 municípios baianos, enquanto foi secretário de Segurança Pública naquele Estado.

Segundo o governador Teotonio Vilela Filho, Sá Rocha foi indicado pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Antes de ter a oportunidade mal sucedida de pacificar Alagoas, Sá Rocha recebeu do regime ditatorial a Medalha do Pacificador com Palma, em 1982.

 

 

Fonte: Blog do Davi Soares / Cada Minuto

 

 


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