Política

Defesa Civil e governo intensificam planos de prevenção à cheia em AL

Estado tenta minimizar impacto dos desastres naturais como enchentes. Monitoramento mais moderno e planos de emergência são algumas ações.
Por G1 AL 18/06/2014 - 11:52

ACESSIBILIDADE

Defesa Civil e governo intensificam planos de prevenção à cheia em AL

As experiências com enxurradas durante mais de 60 anos em Alagoas, principalmente com as perdas significativas na última grande cheia, em 2010, deixaram ensinamentos à sociedade e aos órgãos públicos do estado, seja no âmbito da prevenção, seja no da reconstrução.

O vice-governador José Tomás Nonô (DEM) foi nomeado, em 2011, coordenador do Programa da Reconstrução, como o nome sugere, criado para gerenciar as obras de reconstrução das 19 cidades atingidas pela força da última catástrofe natural no estado.

Foram R$ 540.684.000,00 disponibilizados pelo governo federal para reconstrução de estradas, infraestrutura, prédios públicos, escolas, hospitais entre outras obras consideradas urgentes, além de R$ 713.291.447,83 para a construção de moradias para as famílias atingidas pela cheia. Segundo dados oficiais, das 17.747 casas contratadas, 2.695 ainda estão em fase de conclusão.

Nonô avalia como positivo o resultado do programa, mas reconhece que a maior dificuldade enfrentada no processo da gestão e dinamização do programa foi a burocracia. A Caixa Econômica Federal dizia que as casas só poderiam ser entregues com documentação do beneficiário, mas muita gente perdeu documentos, cidades perderam cartórios inteiros e órgãos públicos passaram a funcionar de forma improvisada.

"Foi preciso pressionar a Caixa, construtoras, prefeitos para que algo fosse feito pelo povo que estava em situação desumana. O problema de pessoas burocráticas é que enxergam as vítimas como números, é preciso vê-los como gente. Hoje eu acredito que em caso de uma nova tragédia, lidaríamos melhor, pelo saberíamos como não fazer e já conheceríamos essa burocracia".

Paralelamente à reconstrução, o Estado tenta se prevenir dos impactos causados pelos desastres naturais. Desde 2010, a Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Semarh), junto à Agência Nacional de Águas (ANA) monitora as bacias hidrográficas dos rios com histórico de enchentes, Paraíba e Mundaú, através de um sistema pioneiro de hidromonitoramento dos níveis dos rios em tempo real.

De acordo com a Semarh, são mais de 20 Plataformas de Coleta de Dados transmitindo os níveis das águas para o sistema da ANA e acompanhado pela equipe da secretaria, que fica responsável por coletar os dados, fazer a manutenção dos aparelhos e alertar a Defesa Civil em caso de alguma alteração significativa.

A Universidade Federal de Alagoas (Ufal) inaugurou no último dia 4 o radar meteorológico do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), que tem objetivo de detectar precocemente desastres naturais. O aparelho fica localizado no Laboratório de Computação Científica e Visualização da Ufal e cobre um raio de até 400 km nos estados de Alagoas, Pernambuco, Sergipe e nordeste da Bahia.

Simulações de desastres
Importante na atuação em catástrofes causadas por fenômenos naturais, a Defesa Civil desempenha um papel de articulação entre as secretarias estaduais e outros órgãos públicos para trabalharem operacionalmente em prol da recuperação das cidades que são atingidas pelas enchentes ou outros tipos de desastres. 

"Teoricamente, cada município deveria ter sua coordenadoria de Defesa Civil, mas apenas 30% dos estados possuem, e desse número nem todas são operacionalizadas. Agimos de forma suplementar, ou seja, quando o município não tem uma capacidade de resposta a um desastre, somos acionados para articular os órgãos como Polícia Militar, Casal, Eletrobras, secretarias de Saúde, Educação, Assistência Social, IMA, entre outros. E foi o que aconteceu em 2010", explicou o tenente Jerivan Alves, coordenador do setor de destrastres naturais da Defesa Civil.

De 2012 para cá, a Defesa Civil do Estado realizou dois simulados de inundações, sendo um em União dos Palmares, em 2012, e um em Atalaia, no ano de 2013. "Essas simulações são feitas em conjunto com vários órgãos. Mobilizamos a população das duas cidades, organizamos grupos com camisas, distribuímos panfletos, placas de sinalização e fazemos oficinas. O intuito é desenvolver a persepção de riscos que podem acontecer, explicamos quando fazer o acionamento da Defesa Civil, como agir no meio de um desastre", explicou o tenente Alves.

"O procedimento da população é basicamente identificar as rotas de fugas, sinalizá-las, ir até o ponto de encontro para seguir em conjunto até os abrigos da cidade. Nesses abrigos, a Secretaria de Assistência Social faz um cadastro de pessoas e famílias. O treinamento é baseado na segurança pessoal e não na segurança do patrimônio", completou.

O tenente Alves reconhece que o número de treinamentos com a população é inexpressivo em relação ao número de municípios que são afetados em situações de cheias. "O ideal era que todos os municípios tivessem uma simulação, mas infelizmente não temos orçamento para isso. O que chamou a atenção em 2010 foi o número de ajuda voluntária que a Defesa Civil recebeu. Era o tempo todo chegando doação, pessoas querendo ajudar, isso é importante. Hoje, com certeza estamos mais preparados para uma possível enchente".

Diante de tantas tragédias, a fúria da água moldou um povo que, em meio a traumas e medos, busca sempre o recomeço e sabe que a força da solidariedade pode ser tão potente quanto a da destruição.

 

 

Fonte: G1 AL

 


Encontrou algum erro? Entre em contato