Judiciário

Acusados de tentar matar Cícero Ferro depõem no Tribunal do Júri

Primeiro dia de júri terminou às 18h após depoimentos de acusados. Previsão é que julgamento seja concluído na quinta-feira (27)
Por Do G1 AL 27/02/2014 - 07:56

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Acusados de tentar matar Cícero Ferro depõem no Tribunal do Júri

Os acusados da tentativa de homicídio contra o ex-deputado estadual Cícero Ferro foram ouvidos na tarde desta quarta-feira (26), no Tribunal do Júri do Fórum de Maceió. Waldex Macêdo Cardoso Ferro, Wagner Macêdo Cardoso Ferro, Wanderley Macêdo Cardoso Ferro, e o pecuarista José Ilton Cardoso Ferro, mais conhecido por “Zé Nilton”, negaram o crime. Apenas Jackson Cardoso Ferro não compareceu ao júri devido a problemas de saúde. O primeiro dia de julgamento terminou às 18h e será retomado na quinta (27), a partir das 8h.

Questionado pelo juiz Geraldo Cavalcante Amorim sobre a autoria do disparo, Waldex Macêdo disse que atirou em legítima defesa. "Fomos recebidos a tiros e revidamos. Foi em legítima defesa", disse o acusado. O segundo dia de julgamento será pontuado pela fase de debates. A previsão do magistrado é que o resultado saia ainda amanhã.

O ex-deputado Cícero Ferro foi o primeiro a depor no júri popular dos cinco acusados da tentativa de homicídio contra ele e contra o motorista dele, José Maria Ferro. Ele reafirmou que os cinco réus foram responsáveis por duas emboscadas que sofreu em janeiro de 2004.

Cícero Ferro foi questionado se preferia que os acusados saíssem da sala, mas disse que não. O ex-deputado afirmou que os acusados foram responsáveis pelo atentado. Ele disse que saía da fazenda da família em seu veículo com o motorista quando foi interceptado pelo Zé Nilton, Wanderley, Waldek e outras três pessoas.

Emboscadas
“Os seis estavam atirando contra nosso carro. Então, o José Maria me avisou que havia uma pistola dentro do carro, aí eu peguei para me defender e atirei não sei para onde”, disse.

O ex-deputado disse que, em meio aos disparos, falou para o motorista seguir com o carro e que foi perseguido pelos acusados, que atolaram o carro. “Eles atiraram com todo tipo de arma. Eu já estava ferido na testa, no maxilar, perna e braço. Uma bala permanece no meu corpo até hoje”, falou. Ele disse que depois de conseguir escapar, foi interceptado por outro carro com quatro pessoas, uma delas seria o Jackson. Foi aí que aconteceram novos disparos.

Ex-deputado chama acusados de bandidos em depoimento (Foto: Carolina Sanches/G1)Ex-deputado chama acusados de bandidos em
depoimento (Foto: Carolina Sanches/G1)

Motivação
Ferro disse desconhecer o motivo do atentado. “Acho que pode ter sido porque o presidente do PFL em Alagoas me deu a direção do partido em Minador do Negrão. Zé Nilton pertencia a esse partido e a direção ficou comigo. Não vejo isso como motivo, mas como nunca tive desavença com nenhum deles, acho que pode ter sido esse problema”, observou.

Ferro disse ainda que acredita na premeditação do crime. “Às cinco horas da manhã não teria porque haver aquele encontro na estrada. Também fiquei sabendo que eles estavam com galões de gasolina para me queimar em praça pública. Não tenho dúvidas que foram eles. E fizeram isso e depois ficaram na praça, na frente de todos. Ele e os filhos queriam mostrar que eram valentes”, disse.

Questionado sobre a morte do primo Jacó, pai do réu Jackson, assassinado após o atentado, ele negou qualquer envolvimento. Durante o depoimento, a filha de Jacó se manifestou: “mentira, foi ele que matou meu pai”. O juiz mandou que ela se retirasse e informou aos presentes que qualquer um que se manifestasse novamente serria detido. O advogado Welton Roberto, assistente de acusação, pediu para que a manifestação seja registrada em ata.

Família dividida

O caso do atentado deixou a família Ferro, que já apresentava um histórico de rixa política, dividida. A filha de Cícero Ferro, a arquiteta Thacianny Ferro, disse que familiares dos réus e das vítimas perdeu o contato entre elas após o crime. Ao afirmar que tem certeza da culpa dos acusados, ela falou que espera por justiça para o caso.

“Hoje, os familiares se respeitam, mas jamais vamos conviver com esses monstros. O que me assustou nos autos foi a alegação de que houve um confronto, mas isso não aconteceu. Eles tentaram matar o meu pai, que sobreviveu por milagre”, falou.

O Júri Popular acontece no Tribunal do Júri do Fórum de Maceió e é presidido pelo juiz Geraldo Cavalcante Amorim, titular da 9ª Vara Criminal da Capital. Antes de fazer a seleção dos jurados, ele alertou aos presentes sobre o forte esquema de segurança montado para o julgamento. Policiais do Bope fazem revista de todos que entram no tribunal.

Todos os acusados têm algum grau de parentesco com o ex-deputado. Zé Nilton é primo de Cícero Ferro, e pai de Waldex, Wagner e Wanderley. O acusado Jackson é sobrinho do pecuarista. Familiares das vítimas e acusados se dividem no Tribunal do Júri para acompanhar o caso. Alguns estão com camisas com frases de apoio a vítimas e outros aos acusados.

 


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