Política

Acusados de atentado contra Cícero Ferro vão a júri popular

Crime aconteceu em Minador do Negrão, no dia 31 de janeiro de 2004. Julgamento acontece nesta quarta-feira (26), no Fórum de Maceió
Por Do G1 AL 26/02/2014 - 09:04

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Acusados de atentado contra Cícero Ferro vão a júri popular

Dez anos após o crime, começa nesta quinta-feira (26), em Maceió, o júri popular dos cinco acusados de tentar matar o ex-deputado estadual Cícero Ferro e o motorista José Maria Ferro, que foram vítimas de duas emboscadas, em janeiro de 2004, no município de Minador do Negrão.

 O júri popular deve ter início às 8h no Tribunal do Júri do Fórum de Maceió, presidido pelo juiz Geraldo Cavalcante Amorim, titular da 9ª Vara Criminal da Capital. Segundo o magistrado, o julgamento pode durar dois dias.

Enfrentam o banco dos réus Waldex Macêdo Cardoso Ferro, Wagner Macêdo Cardoso Ferro, Wanderley Macêdo Cardoso Ferro, Jackson Cardoso Ferro e o pecuarista José Ilton Cardoso Ferro, mais conhecido por “Zé Nilton”. Todos são parentes da vítima e moravam em Minador do Negrão. Apesar do fato ter ocorrido em  Minador do Negrão, o Tribunal de Justiça de Alagoas(TJ/AL) aceitou o pedido de desaforamento autorizando que o julgamento ocorra em Maceió.
 
De acordo com a promotora do júri do caso, Marta Bueno, todos os acusados têm algum parentesco com o ex-deputado. Zé Nilton é primo de Cícero Ferro, e pai de Waldex, Wagner e Wanderley. Já o acusado Jackson é sobrinho do pecuarista. Eles foram pronunciados em setembro de 2009.
 
A promotora explicou que, entre as testemunhas arroladas pelo MP para falar no julgamento está Cícero Ferro e outras quatro pessoas. Sobre as causas do atentado, Marta Bueno disse que constam nos autos que o crime teve motivação política. “O próprio ex-deputado alega que reconheceu os parentes no atentado”, expôs a representante do Ministério Público.
 
Segundo o juiz que vai presidir o caso, o julgamento pode durar até dois dias. “São muitas testemunhas de acusação e defesa. Por isso, o julgamento poderá se estender até sexta-feira”, disse.
 
Defesa avalia segurança dos réus
O advogado de defesa, Raimundo Palmeira informou que não está certo ainda que os réus estarão presentes no julgamento. “Os cinco têm vontade de participar, mas temem pela segurança. Já entramos em contato com o juiz, que garantiu um reforço no esquema de segurança, mas ainda vou conversar com meus clientes para saber se eles vão estar presentes”, falou.

Sobre a acusação, Palmeira disse que há muitos pontos divergentes no caso que são favoráveis aos seus clientes. Ele falou que houveram dois momentos no crime, mas que não haveria como o veículo do ex-deputado ter sido atingido por tantos tiros como consta nos autos.
 
O advogado disse que Zé Nilton contou que houve um encontro eventual em uma estrada do município e que, neste momento, foi alvejado por tiros que partiram do ex-deputado. Ainda segundo Palmeira, dois moradores da fazenda do pecuarista que estavam com ele revidaram, mas que Zé Nilton não chegou a atirar. “Os moradores se quer foram ouvidos e não são citados no caso”, falou.

Palmeira disse que, segundo seus clientes, outro encontro teria acontecido na cidade entre as vítimas, Wagner, Wanderley e Jackson. Neste momento, os três teriam sido alvejados por tiros e revidaram.
 
“Dois acusados estavam armados com revólver e revidaram tiros contra eles. O Wanderley chegou a ser ferido no braço. E o Waldeks nem estava na cidade neste dia. O que estranhamos é a quantidade de tiros apontada pela acusação, que não teriam como ser deflagrados de quatro armas. Se existem tantas dúvidas no caso, como os réus podem ser condenados?”, questiona o advogado.

Sobre a motivação política apontada, Palmeira diz que não havia motivos para um crime. “A alegação é de que havia uma disputa pelo partido, mas o que sabemos é que Zé Nilton já era pré-candidato e que ele não iria matar alguém em pleno período de campanha”, disse.
 
Entenda o caso
Cícero Ferro e José Maria Ferro foram vítimas de duas emboscadas quando saíam da fazenda Santa Izabel, em Minador do Negrão, por volta das 5h, no dia 31 de janeiro de 2004. Segundo os autos, como as vítimas conseguiram escapar, houve perseguição na via principal da cidade, até que conseguiram se refugiar em uma chácara.
 
O carro em que as vítimas estavam foi alvejado por mais de 150 tiros disparos de espingardas, revólveres e pistolas. Na lataria da caminhonete dele, a perícia criminal contou 66 tiros e, no pára-brisa, 87 tiros. O motorista José Maria levou três tiros. O deputado teve várias perfurações de bala no corpo e ficou internado em um hospital de Maceió.


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