Alagoas

Polícia Civil oficializa comissão para investigar abastecimento com carros-pipa

Delegados vão apurar irregularidades no Agreste alagoano. Eles terão cinco dias para comunicar número de procedimento instaurado
Por Do G1 AL 09/12/2013 - 09:21

ACESSIBILIDADE

Polícia Civil oficializa comissão para investigar abastecimento com carros-pipa

Foi oficializada, em publicação no Diário Oficial desta segunda-feira (9), a comissão da Polícia Civil que vai investigar as irregularidades no abastecimento complementar de água no interior de Alagoas. A recomendação para a criação dessa comissão foi feita pelo Conselho Estadual de Segurança Pública (Conseg).

 

O diretor-geral da Polícia Civil de Alagoas, delegado Paulo Cerqueira, nomeou os delegados Mário Jorge Barros, Antônio Nunes Cabral e José Carlos Sales para compor a comissão. Segundo a publicação, ela tem a finalidade de apurar os fatos noticiados emreportagem do Fantástico, exibida no último dia 1º, que mostrou as várias irregularidades no abastecimento de água da região.

 

O delegado responsável pela comissão, Mário Jorge Barros, terá um prazo máximo de cinco dias, a partir da publicação, para informar a Delegacia Geral da PC o número do procedimento que será instaurado.

 

Fornecimento suspenso
A juíza Isabelle Coutinho Dantas, da 3ª Vara da Comarca de Palmeira dos Índios, decidiu suspender o fornecimento de água pelos carros-pipa após a denúncia de irregularidades. A decisão determinou ainda a imediata análise das águas da rede de abastecimento da Companhia de Saneamento de Alagoas (Casal) distribuída à população de Palmeira dos Índios e Estrela de Alagoas, após denúncia ofertada pelo Ministério Público.Além disso, a Casal e os dois municípios acima citados tiveram que divulgar, por meio dos veículos de comunicação do estado e municípios envolvidos, que a água fornecida para a população dessas cidades está imprópria para consumo humano e quais são os cuidados que os consumidores precisam ter para não adquirirem Doenças Diarréicas Agudas (DDA).

 

O Ministério Público já havia instaurado inquérito civil para apurar as responsabilidades e adotar as providências cabíveis quanto ao surto de DDA ocorrido nos municípios, após ter tomado conhecimento de que a principal causa seria a baixa ou má qualidade da água consumida pela população, em virtude da presença de coliformes totais e Escherichia coli, além de turbidez e ausência de cloro residual livre.

 

Uma lista de 25 pessoas supostamente mortas em virtude do surto de DDA, a maioria pessoas idosas, foi apresentada à magistrada.

 

Segundo a denúncia, o índice de turbidez da água chegou a 39% na Rua Mestre Jaú, em setembro deste ano, quando o permitido é de 5%. Foi constatado, também, que em algumas regiões, o índice de cloro é de 0,0%, em absoluta dissonância com as previsões legais, que exigem valores mínimos para esse elemento químico. Nas amostras coletadas foi detectada a presença de micro-organismos e de PH fora dos padrões exigidos.

 

A Superintendência de Vigilância em Saúde (Suvisa), órgão da Secretaria de Estado da Saúde, apontou que 100% das amostras, coletadas em junho de 2013, estavam com a presença de bactéria Escherichia coli. Só em Palmeira dos Índios, 7.280 casos de DDA foram notificados em 2013, havendo 10 óbitos. Em todo o estado, o número foi de 38 mortes, no período epidêmico. De acordo com a decisão, incontáveis laudos técnicos foram juntados aos autos, todos apontando a péssima qualidade da água distribuída à população daqueles municípios.


Encontrou algum erro? Entre em contato