Política

TJ de Alagoas mantém afastamento de Tavares e Albuquerque da ALE

Parlamentares recorreram da decisão de afastamento da Mesa da ALE. Deputados estão impedidos de votar para a escolha da Mesa Diretora
Por Do G1 AL 12/11/2013 - 06:24

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TJ de Alagoas mantém afastamento de Tavares e Albuquerque da ALE

A desembargadora Elisabeth Carvalho Nascimento negou pedido de suspensão dos efeitos da decisão que afastou o deputado estadual Antônio Albuquerque (PT do B) do cargo de vice-presidente da Mesa Diretora da Assembleia Legislativa de Alagoas (ALE-AL). O recurso do também deputado estadual Maurício Tavares (PTB), afastado do cargo de 1º secretário da Mesa Diretora da ALE, também foi negado pela desembargadora.

Com a decisão, os deputados continuam impedidos de participar do processo de escolha dos novos membros da Mesa Diretora, não podendo votar ou candidatar-se a qualquer cargo diretivo da ALE, sob pena de responsabilização por atos de improbidade administrativa, de incorrer em conduta de índole criminal e, ainda, multa diária.

A defesa de Antônio Albuquerque alegou que o juízo de primeiro grau não tem legitimidade para julgar o caso, devido à existência, no caso, de foro por prerrogativa de função, que deveria levar o processo diretamente ao Tribunal de Justiça. Ainda de acordo com a defesa, as acusações são infundadas porque nenhum servidor lotado no gabinete do deputado, ou por ele indicado para a Mesa Diretora, recebeu Gratificação de Desempenho (GDE).

Entretanto, a desembargadora destaca que a defesa não provou que Albuquerque não tem participação nos atos investigados pela Justiça e que a ação do MPE não possui como objeto apenas apurar atos de improbidade de deputado que possua servidor por si nomeado e que receba a GDE. O Ministério Público, ressalta Elisabeth Carvalho, questiona também a continuidade da omissão da atual Mesa Diretora em esclarecer os fatos, violando os princípios constitucionais da legalidade, publicidade e moralidade.

Elisabeth Carvalho, desembargadora relatora do agravo de instrumento impetrado, considerou que a legislação não impede o juiz de primeiro grau de afastar Albuquerque, já que o Supremo Tribunal Federal julgou inconstitucional a lei que estabelecia foro privilegiado no caso em questão.

Tavares é acusado de improbidade administrativa no período entre 2009 e 2012 e foi denunciado ao Poder Judiciário pelo Ministério Público Estadual (MPE). Ele alegou que o período da investigação feita pelo MP não corresponde ao período de sua atuação na ALE, uma vez que tomou posse no cargo de 1º secretário no início de fevereiro deste ano. Para a desembargadora Elisabeth Carvalho, o Inquérito Civil Público tem como objeto não só a apuração da ausência de prestação de contas dos exercícios financeiros do período de 2009 a 2012, mas também a continuidade da omissão da atual Mesa Diretora em esclarecer os fatos apurados.

Ainda segundo a decisão, na ação promovida pelo Ministério Público consta a relação de quatro assessores (servidores comissionados) do agravante, que perceberam, em setembro de 2012, a quantia de R$ 10 mil cada um, em folha suplementar sem identificação da natureza do pagamento. De acordo com o processo, há fortes indícios de que tais valores tenham sido apropriados por alguns parlamentares da ALE, com base em depoimentos.

Afastados
Estão afastados da Mesa Diretora da ALE os deputados: Fernando Toledo (PSDB),  Antonio Albuquerque (PT do B), Sérgio Toledo (PDT),  Jota Cavalcante (PDT), Maurício Tavares (PTB),  Marcelo Victor (PTB),  Marcos Barbosa (PPS) e  Dudu Hollanda (PSD).

Diante da decisão, o procurador-geral de Justiça, Sérgio Jucá, expôs que o Ministério Público Estadual já aguardava o afastamento dos integrantes da Mesa Diretora. "Sempre acreditamos nos juízes Manoel Cavalcante e Alberto Jorge e nos magistrados que integram o Grupo de Combate à Improbidade Administrativa do Poder Judiciário. Esse resultado só estimula o Ministério Público a trabalhar com mais afinco nas investigações que apuram as mazelas da Assembleia Legislativa de Alagoas", disse.

Denúncia
No dia 25 de junho deste ano, o deputado João Henrique Caldas (PTN) convocou uma coletiva de imprensa e apresentou documentos que indicam irregularidades na movimentação bancária da Assembleia Legislativa. Segundo ele, foram R$ 4,7 milhões sacados sem justificativa em 2011.

O deputado explicou que havia requerido, em 2011, os dados das movimentações financeiras da ALE à Mesa Diretora e, posteriormente, para a Caixa Econômica Federal, mas não obteve retorno. No entanto, seus pedidos feitos à Caixa só foram atendidos em junho deste ano, após decisões favoráveis do juiz da 6ª Vara Federal, Marcelo Gonçalves, e do procurador do Ministério Público Federal (MPF), Marcelo Toledo Silva.

No último dia 15 de agosto, o procurador-geral Sérgio Jucá instaurou um inquérito civil para investigar o conteúdo da representação enviada ao MP pelo parlamentar, que denuncia irregularidades na movimentação bancária da ALE.


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