Pesquisa e Inovação

Alagoana vence concurso nacional com projeto de arquitetura penal

Estudante de arquitetura, Williane Ferreira ganhou prêmio do CNPCP. Projeto privilegia ambientes que facilitam ressocialização dos detentos
Por Do G1 AL 23/09/2013 - 09:55

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Alagoana vence concurso nacional com projeto de arquitetura penal

O ano de 2013 certamente ficará marcado na vida da estudante de arquitetura da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), Williane Ferreira de Melo, 23, vencedora do XIV Concurso Nacional de Monografias, promovido pelo Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária (CNPCP).

 

A estudante superou a concorrência de outros graduandos e profissionais da área e teve seu trabalho, o projeto de um centro de detenção provisória masculino, eleito como o melhor entre todos os inscritos. O prêmio, como conta ela, foi consequência de um trabalho realizado para uma disciplina do curso.

 

“Nós tivemos que fazer esse projeto para uma disciplina ministrada pela professora Susan Flávia, que faz parte do Conselho Penitenciário. Sabendo que esse concurso seria realizado, ela nos disse que quem quisesse poderia inscrever seu trabalho, mas houve um interesse maior pelo meu, e ela ficou o tempo todo insistindo para que eu participasse”, diz.

 

Para realizar o projeto, Williane visitou o presídio Baldomero Cavalcante e pode identificar os pontos que poderiam ser modificados para melhorar, não só as condições dos presos, mas também dos profissionais que trabalham no local.

 

“Quando se fala em presídio, a maioria só pensa nos presos, mas há outras pessoas envolvidas naquele dia a dia, como funcionários, agentes penitenciários e também as famílias dos presos. Estudamos a estrutura do presídio e observamos o que poderia ser modificado para criar um ambiente harmonioso para todos”, conta.

 

Entre as inovações do projeto destacam-se elementos que facilitam o processo de ressocialização dos detentos, como uma quadra de esportes e oficinas profissionalizantes. A ideia, segundo ela, foi elaborar um modelo que fugisse do convencional, privilegiando o bem-estar dos reeducandos.

“O formato da maioria dos presídios é similar a uma espinha de peixe, tem um corredor central e cela de um lado e do outro. Esse modelo é tido como o ideal pela questão da segurança. A minha intenção era justamente mostrar que eles podem ser construídos de outra forma e continuar seguros. A gente geralmente pensa no presídio como um lugar frio. Então eu tentei trabalhar alguns elementos, como as cores, que deixassem o ambiente mais leve”, explica.

 

A estudante, porém, conta que nem todas as suas ideias puderam ser postas em prática e o projeto precisou passar por várias reformulações até que se chegasse a um modelo ideal. “Na faculdade, às vezes, a gente pensa em uma coisa que não tem como funcionar na prática. Algumas vezes eu pensava de uma forma, mas a Susan, minha orientadora, dizia que não seria possível aplicar. Por isso, o projeto foi refeito várias vezes até chegar nesse modelo final”, revela.

 

Williane se prepara agora para a viagem a Brasília que fará no dia 17 de outubro, onde receberá o prêmio de R$ 8 mil pelo primeiro lugar no concurso.


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