Maceió

“FPI da Dengue” descobre dezenas de focos de mosquito em empresa de reciclagem

Os focos foram combatidos com o uso de inseticidas e todos os objetos que acumulavam água parada foram secados
Por MP/AL 04/09/2013 - 09:33

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“FPI da Dengue” descobre dezenas de focos de mosquito em empresa de reciclagem

Durante o trabalho das equipes da “FPI da Dengue” - Fiscalização Preventiva de Combate à Dengue em Maceió -, na manhã desta terça-feira (03), o primeiro local visitado surpreendeu o Ministério Público Estadual de Alagoas e as demais instituições que integram a referida 'força-tarefa'.

Na empresa Nacional Reciclagem, localizada no bairro do Poço, foram encontradas dezenas de larvas do mosquito Aedes Aegypti, três morteiros - armamento de alto poder de destruição -, chorume exposto a céu aberto e até uma ligação clandestina de água. Num outro estabelecimento, a garagem de uma empresa de viação de ônibus, uma grande quantidade de focos do mesmo mosquito também foi encontrada, além de um caramujo africano, predador capaz de transmitir um tipo raro de meningite e inflamação abdominal.

Nas dependências da Nacional Reciclagem, situada na Praça Bonfim, no Poço, os agentes de endemias recolheram um número enorme de larvas do Aedes Aegypti, mosquito transmissor dos quatro tipos de vírus da dengue que existem atualmente no Brasil. Os focos foram combatidos com o uso de inseticidas e todos os objetos que acumulavam água parada foram secados.

Lá, também foram localizados mosquitos da espécie Culex, inseto responsável pela transmissão da filariose. Tal doença infecta somente humanos. Os vermes transmitidos pelo mosquito se direcionam ao sistema sanguíneo, provocando febre, dor de cabeça e mal-estar. Após sua maturação, período que varia entre três meses e um ano, os parasitas se instalam no sistema linfático, bloqueando os vasos, fazendo com que as pessoas acometidas passem a apresentar sinais claros de inchamento nos membros, nas mamas - no caso de mulheres, e nos testículos, em indivíduos do sexo masculino.

Durante a fiscalização, a “FPI da Dengue” encontrou três morteiros, artefato que possui grande poder de destruição. De acordo com o esquadrão antibombas do Bope, um dos explosivos tem a mesma capacidade de dano que poderia ser provocada por seis granadas de uma só vez.

A “FPI” constatou ainda que a forma inadequada de prensar o material para reciclagem provocou o vazamento de chorume no terreno da empesa e, por último, descobriu uma ligação clandestina de água no local.

Empresa de ônibus

O segundo estabelecimento visitado pelas equipes foi a garagem da empresa Piedade, responsável por várias linhas de ônibus em Maceió. Numa espécie de depósito a céu aberto, dezenas de pneus estavam amontados, e, no meio deles, localizavam-se dezenas de focos com larvas do Aedes Aegypti, além de inúmeros mosquitos.

“Para nossa surpresa, também encontramos caramujos africanos, que podem ser responsáveis pela transmissão de um tipos da meningite e por uma outra doença que provoca inflamação no abdómen. De imediato nós exterminamos tudo. O local estava oferecendo um grande perigo à saúde dos trabalhadores”, informou o promotor de Justiça Alberto Fonseca, do Núcleo do Meio Ambiente do MPE/AL.

“Os caramujos africanos são predadores que podem transmitir a meningite eosinofílica - causada por um verme -, que passa pelo sistema nervoso central, antes de se alojar nos pulmões. Eles também podem provocar a angiostrangilíase abdominal, uma doença qu chega a levar o paciente a óbito por perfuração intestinal e peritonite”, esclareceu o médico Celso Tavares.

A área da empresa até tem licença ambiental p funcionar, porém, de acordo com o Ministério Público, está cheia de não-conformidades, o que desrespeita a Resolução nº 273/2000, do Conselho Nacional de Proteção ao Meio Ambiente. À ela, foi dado prazo de cinco dias para as adequações necessárias.

A dengue em Alagoas

De acordo com o infectologista Celso Tavares, da Sesau, Alagoas já registrou, só este ano, quase 10 mil casos da doença. “1/3 desses pacientes está em Maceió e, em 98% dos casos, as pessoas foram contaminadas pela 2ª vez. Esse é um dado grave já que, quando o vírus ataca o indivíduo seguidamente, a tendência é que a enfermidade surja de uma forma mais forte e debilite, ainda mais, a vítima”, explicou ele.

A dengue é uma doença infecciosa febril aguda causada por um vírus e é transmitida, no Brasil, através do mosquito Aedes Aegypti, também infectado pelo vírus. Atualmente, ela é considerada um dos principais problemas de saúde pública de todo o mundo.

Em todo o mundo, existem quatro tipos de dengue, já que o vírus causador da doença possui quatro sorotipos: DEN-1, DEN-2, DEN-3 e DEN-4.

O vírus da dengue pode se apresentar de quatro formas diferentes, que vai desde aquela inaparente, em que apesar da pessoa está com a doença não há sintomas, até quadros de hemorragia, que podem levar o doente ao choque e ao óbito.

Seus principais sintomas são: febre com duração de até 7 dias, dor de cabeça, dor atrás dos olhos, dores musculares, dores nas juntas, prostração e vermelhidão no corpo.
A dengue hemorrágica, forma mais grave da doença, inicia-se com os sintomas semelhantes aos da dengue clássica, porém, após o terceiro ou quarto dia de evolução, surgem hemorragias em virtude do sangramento de pequenos vasos na pelo e nos órgãos internos. Ela pode provocar hemorragias nasais, gengivais, urinárias, gastrointestinais ou uterinas.

A ação mais simples para prevenção da dengue é evitar o nascimento do mosquito, já que não existem vacinas ou medicamentos que combatam a contaminação. Para isso, é preciso eliminar os lugares que eles escolhem para a reprodução. A regra básica é não deixar a água, principalmente limpa, parada em qualquer tipo de recipiente.

“Por isso é tão importante manter recipientes, como caixas d’água, barris, tambores tanques e cisternas, devidamente fechados. E não deixar água parada em locais como vidros, potes, pratos e vasos de plantas ou flores, garrafas, latas, pneus, panelas, calhas de telhados, bandejas, bacias, drenos de escoamento, canaletas, folhas de plantas ou quaisquer outros locais em que a água da chuva é coletada ou armazenada. A dengue mata e temos que unir no combate à ela”, declarou Alberto Fonseca.

 


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