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A despavimentação de um trecho da rodovia AL-101 Norte que corta o município da Barra de Santo Antônio e dá acesso à Praia de Carro Quebrado e ao Morro de Camaragibe, no Litoral Norte de Alagoas, chama a atenção de quem passa pelo local. A obra, que segundo a prefeitura, tem o objetivo de deslocar o calçamento de uma rua para outra, não tem autorização do Departamento de Estradas e Rodagem (DER).
O local fica próximo ao San Nicolas Resort Hotel e registrou funcionários de uma empresa contratada pela prefeitura retirando com uma retroescavadeira o calçamento feito de paralelepípedos e colocando em um caminhão caçamba.
O calçamento está sendo recolocado em outro trecho da rodovia e em duas ruas paralelas no povoado Vila dos Pescadores, já que, segundo o prefeito da Barra de Santo Antônio, José Rogério Cavalcante Farias (PSD), "as pedras têm mais utilidade no centro da cidade que no local em que foram instaladas". O serviço está adiantado, em alguns pontos da pista os paralelepípedos já foram totalmente retirados e a estrada voltou a ser de barro.
De acordo com Farias, estão sendo investidos cerca de R$ 300 mil na obra de remanejamento. "Essa pavimentação foi instalada na época do Projeto Onda Azul, há 16 anos, só que por incompetência do prefeito do município da época, foi colocada em uma área onde quase ninguém passa e não tem tanta serventia, por isso estamos remanejando. Não recordo quanto custou o serviço na época, mas estamos aproveitando as pedras e o gasto será quase de R$ 300 mil pela mão de obra e material utilizado", afirmou.
O Projeto Onda Azul foi considerado um mega investimento do governo federal e estadual, por meio da secretaria de Turismo, para impulsionar o setor econômico-turístico, viabilizar capacitação de mão de obra, geração de empregos e atrair investimentos do setor hoteleiro ao Litoral Norte de Alagoas. A pedra fundamental do projeto chegou a ser fundada em 2008, e foi anunciado um investimento de R$ 420 milhões, mas o projeto nunca chegou a sair do papel.
Transtornos
Alguns moradores da região e funcionários de hotéis e pousadas chegaram a mencionar que o remanejamento do calçamento está agradando, mas há motoristas que se queixam da situação em que a via se encontra.
A exemplo do empresário Cledson Almeida que, no último sábado, passou por uma "aventura" enquanto levava a esposa e amigos turistas ao mirante próximo à Praia de Carro Quebrado. "O acesso ao mirante, que tem uma vista privilegiada, está péssimo. Foi uma verdadeira aventura, corremos o risco de ficar atolados, porque a areia está muito fofa", disse.
"É um perigo, pois a pessoa é obrigada a andar só de um lado da pista. Acho que o ideal seria colocar paralelepípedos em toda a pista e não remanejar de um local para o outro. Apesar de o trecho ser um local praticamente só com canavial, é acesso à praia e ao mirante. Seria uma melhoria até para os próprios moradores", completou.
Sem autorização
Além da divergência de opiniões, o remanejamento do calçamento é polêmico pois, segundo alguns moradores, a prefeitura não teria o direito de retirar o paralelepípedo da via, já que aquele trecho não pertence à administração do município.
Mas o prefeito refuta esta informação. "A partir do momento em que o calçamento foi colocado, passa a ser de nossa responsabilidade, então não pedimos autorização do Estado sobre isso", afirmou o prefeito Rogério Farias.
Entretanto, não é este o entendimento do Departamento de Estradas e Rodagem (DER). O órgão informou que desconhecia o serviço que está sendo realizado e que o trecho, apesar de ser feito de paralelepípedo, faz parte da rodovia AL-101 Norte, sob administração do Estado.
De acordo com o gerente da Região Norte do DER, Vicente de Paula, a prefeitura da Barra de Santo Antônio não tem autorização para fazer a retirada da pavimentação. "O prefeito já foi notificado e pediu desculpas sobre o equívoco. Uma reunião entre o gestor e o DER será marcada nos próximos dias para decidir o que será feito, já que a obra está adiantada. Por ora, não podemos afirmar que o prefeito poderá continuar o remanejamento ou se será obrigado a recolocar o paralelepípedo no local de origem", afirmou.
