CASO BERNARDO

Polícia vai apurar relação entre compra de imóvel e morte da mãe de Bernardo

Por 26/05/2015 - 09:34

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Polícia vai apurar relação entre compra de imóvel e morte da mãe de Bernardo

Entre as diligências que serão feitas para apurar a morte da mãe do menino Bernardo, Odilaine Uglione, ocorrida em fevereiro de 2010, a Polícia Civil pretende investigar se o investimento da ex-secretária da clínica do ex-marido Leandro Boldrini em um imóvel em Três Passos, na Região Noroeste do Rio Grande do Sul, tem alguma relação com o fato. Na semana passada, a Justiça determinou a reabertura do inquérito para desvendar se ela cometeu suicídio ou se foi assassinada, como alega a família.

Andressa Wagner adquiriu um terreno e reformou a casa pelo programa Minha Casa, Minha Vida, com um valor estimado em quase R$ 80 mil, alguns meses após a morte. As informações estão em documentos do Registro de Imóveis da Comarca da cidade. A obra foi concluída em março do ano seguinte.

O delegado Marcelo Mendes Lech, que assumiu as investigações sobre a morte de Odilaine, é cauteloso ao falar sobre o assunto. Para ele, ainda não há evidências que um fato tenha relação com outro. “Não excluo a possibilidade de investigar. Se a compra do terreno tiver relação com a morte da Odilaine, vai fazer parte do inquérito, sim”, afirmou ao G1 nesta segunda-feira (25).

Odilaine morreu em fevereiro de 2010, aos 30 anos. Ela foi encontrada sem vida dentro da clínica do ex-marido, com a marca de um tiro de arma de fogo.

O pai de Bernardo é réu pela morte do filho, encontrado em abril morto e enterrado em um matagal em Frederico Westphalen, a cerca de 80 quilômetros de Três Passos, no Noroeste do estado, onde ele residia com a família. Também são acusados a madrasta do garoto, Graciele Ugulini, e os irmãos Edelvânia Wirganovicz e Evandro Wirganovicz. Os quatro respondem por homicídio qualificado e ocultação de cadáver, entre outros crimes, e aguardam julgamento.

Além do suposto suicídio, ela teria deixado uma carta de despedida. Na época, a Polícia Civil concluiu que ela se matou, com base no depoimento de testemunhas e nos laudos da perícia oficial. Entretanto, perícias particulares feitas a pedido da família no último ano levantaram a suspeita de que ela possa ter sido assassinada.

Entre elas, está um laudo em que os peritos apontam que a carta de suicídio foi forjada. Outro documento citou que Andressa Wagner seria a autora do texto.

Odilaine e Leandro eram casados, mas segundo a família da mulher, estavam prestes a se separar, pouco antes da morte. Logo depois, Boldrini assumiu relacionamento com Graciele Ugulini.

O delegado segue trabalhando na análise dos autos do inquérito, de três volumes, iniciada no fim de semana. Depois de concluir a avaliação, ele dará início às diligências.

Além do pedido da Justiça para reabrir o caso, a família de Odilaine descobriu também na última semana quatro saques que totalizaram o valor de R$ 55 mil, feitos na conta da Clínica Boldrini, da qual ela era sócia, dois dias antes da morte. O valor foi retirado em 8 de fevereiro de 2010, em três saques de R$ 15 mil e um de R$ 10 mil. O advogado de Jussara Uglione, mãe de Odilaine, já encaminhou o extrato às autoridades.

O pai de Bernardo é réu pela morte do filho. O menino, de 11 anos, foi encontrado morto em uma cova rasa, em abril do ano passado, em Frederico Westphalen, a cerca de 80 km de Três Passos, onde ele morava com a família. O caso revelou um passado de violência e humilhações sofridas pelo garoto e levantou suspeitas acerca da morte de Odilaine.

Também são acusados do crime a madrasta do garoto, Graciele, e os irmãos Edelvânia Wirganovicz e Evandro Wirganovicz. Os quatro respondem por homicídio qualificado e ocultação de cadáver, entre outros crimes.

NOVA VERSÃO

O MP pediu a reabertura do inquérito à Justiça e justificou que os laudos particulares, confeccionados a pedido de Jussara Uglione, mãe da vítima, trazem novos fatos, imputando à secretária do consultório a confecção de uma carta suicida e colocando, inclusive, uma terceira pessoa dentro da sala de atendimento em que ocorreu o fato, onde, em tese, estariam apenas Leandro Boldrini e Odilaine Uglione.

Com o pedido de reabertura do inquérito, o MP encaminhou requisição de diversas diligências à polícia, em especial realização de perícia grafodocumentoscópica (quando se examina a grafia de um documento para avaliar autenticidade ou falsidade) na carta suicida, reprodução simulada dos fatos, depoimento de pessoas que estavam no consultório na data e horário do fato e que compareceram ao local depois e complementação de perícia já realizada, entre outras diligências.

PERITO DIZ QUE LETRAS SÃO DIFERENTES

A suposta carta suicida teria sido escrita em 9 de fevereiro de 2010. Conforme o advogado Marlon Taborda, que representa a mãe de Odilaine, perícia particulares contratadas por ele analisaram e compararam a grafia do texto.

Segundo peritos, a suposta carta suicida da enfermeira teria sido forjada, escrita por outra pessoa, como mostrou a reportagem do Fantástico. Ricardo Caires dos Santos, perito judicial em São Paulo há oito anos, fez um "exame grafotécnico" e comparou a letra e a assinatura com papéis que são comprovadamente escritos pela mãe de Bernardo.

“Não foi a dona Odilaine que escreveu. São dois punhos totalmente diferentes. Pessoas diferentes que assinaram”, afirmou o perito.

A assinatura que aparece na carta de suicídio também é diferente de assinaturas autênticas de Odilaine registradas em um contrato de locação, no diploma de auxiliar de enfermagem dela e em outro contrato de prestação de serviços.

Fonte: Gazeta Web


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