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Contratos com Ibope ocultavam propinas para Calheiros

Por com Estadão Conteúdo 25/05/2017 - 18:52

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O diretor de Relações Institucionais da J&F, Ricardo Saud, entregou, como parte de sua delação premiada, ao Ministério Público Federal, contratos e notas fiscais que teriam sido utilizados para dissimular propinas à cúpula do PMDB.   Entre os nomes citados estão do senador Renan Calheiros e do governador de Alagoas, Renan Filho. 

Segundo o delator, os documentos são "frios" e "fictícios", estão números de notas fiscais emitidas pela JBS ao Ibope.   "Fazia pesquisa para eles [senadores] e pagava com essa propina. O Ibope recebia propina", disse o relator. Conforme reportagem do Estadão, o delator ainda informou que o Ibope teria sugerido contratos fraudulentos para justificar os repasses da JBS.  

Um dos anexos do acordo de colaboração da JBS com a Procuradoria-Geral da República se refere a um pacotão de R$ 46 milhões ao PMDB nas eleições de 2014, que, segundo os executivos, teriam sido acertados entre o então ministro da Fazenda Guido Mantega e um dos donos da JBS, Joesley Batista. Do total, R$ 35 milhões seriam destinados à cúpula do PMDB no Senado.  Saud explica, inclusive, que informou, à época, o então vice-presidente Michel Temer sobre os repasses. 

"Ó,Temer, tá iniciando a campanha, e o Joesley achou por bem pedir para vir falar com o senhor que já tá iniciando assim, tá doando 35 milhões para o PMDB e pelo que entendi não tá passando pelo senhor'", relatou.  Ainda conforme o delator, no caso de Renan Calheiros, parte das propinas seriam utilizadas para "preparar" a eleição do peemedebista à presidência do Senado e a outra parte teria como destino a campanha do filho dele ao governo de Alagoas. 

Os valores repassados ao atual líder do PMDB no Senado chegaram aos R$ 9,9 milhões, de acordo com o delator. Parte deles, foi justificada por meio de pagamentos ao Ibope.  

Saud listou os pagamentos feitos a pedido de Renan Calheiros: 

- "R$ 1 milhão ao diretório estadual do PMDB em Alagoas, 'carimbado' para Renan Filho";  

- "R$ 500 mil ao PMDB do Amapá, 'por ordem do Renan'";  

- "R$ 300 mil ao PMDB de Sergipe, 'por ordem de Renan Calheiros'";  

- "R$ 455 mil ao PMDB Nacional, 'carimbados por Renan'";  

- e "R$ 300 mil para o PTdoB Nacional, 'por ordem do Renan'".  

Outro lado  

O Ibope se manifestou por meio de nota. "É com indignação que o Ibope Inteligência tomou conhecimento da acusação de que emitiu notas fiscais falsas para a JBS como parte de pagamento de propina sem contrapartida de bens ou serviços, conforme consta no Termo de Pré-Acordo de Colaboração Premiada assinado por Joesley Mendonça Batista, Wesley Mendonça Batista e Ricardo Saud com a Procuradoria-Geral da União".  

A assessoria de imprensa do presidente Michel Temer afirmou que "o PMDB somente recebeu recursos oficiais" e declarados ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE). "O presidente foi informado dos depósitos na conta do partido, sem nenhuma ilegalidade".  

Por meio de sua assessoria de imprensa, o senador Renan Calheiros afirmou que o delator (Ricardo Saud) tenta confundir informações verdadeiras, como a contratação do Ibope, com referências a propinas. "Jamais tratei de propina com quem quer que seja. Essa referência é fantasiosa."


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